Recentemente, foi noticiado que as montadoras brasileiras têm pressionado o governo brasileiro para a imposição de uma tarifa de 35% sobre a importação de carros elétricos chineses. Essa medida foi apresentada como uma forma de proteger a indústria nacional da chamada “invasão” de veículos chineses. Entretanto, além de ir contra os princípios do livre mercado, a medida defendida também prejudica os consumidores, a inovação e, em última análise, a própria indústria automotiva nacional.
A concorrência é um motor essencial para a inovação e a eficiência que levam melhores produtos com os melhores preços para os consumidores. Quando as empresas são obrigadas a competir em igualdade de condições, elas são incentivadas a inovar, a melhorar seus produtos e serviços, e a reduzir custos. Esse ambiente competitivo resulta em benefícios diretos para os consumidores, que têm acesso a produtos de melhor qualidade a preços mais baixos.
As montadoras brasileiras, ao buscar a imposição de tarifas sobre os carros elétricos chineses, estão tentando usar o poder do Estado para evitar, artificialmente, essa concorrência. Em vez de inovar e melhorar seus produtos, essas empresas preferem se proteger por meio de barreiras tarifárias que artificialmente aumentam o custo dos produtos de concorrentes. Essa postura não apenas desincentiva o desenvolvimento e a eficiência, mas também resulta em produtos mais caros e de menor qualidade para os consumidores brasileiros.
O protecionismo, muitas vezes apresentado como uma forma de proteger a indústria nacional e os empregos dela decorrentes, tem uma série de efeitos adversos que contradizem seus objetivos declarados. Em primeiro lugar, ao aumentar os preços dos produtos importados, as tarifas reduzem o poder de compra dos consumidores.
No caso dos carros elétricos, uma tarifa de 35% tornaria esses veículos significativamente mais caros, dificultando o acesso dos brasileiros a uma tecnologia que é mais sustentável e eficiente do que os motores de combustão interna tradicionais.
Além disso, o protecionismo frequentemente resulta em uma acomodação nas indústrias protegidas. Sem a pressão da concorrência, as empresas locais têm menos incentivos para inovar e melhorar sua eficiência, o que, por sua vez, leva a uma estagnação tecnológica e à perda de competitividade no longo prazo. Em um mercado globalizado, no qual a inovação e a adaptação são essenciais para o sucesso, essa abordagem protecionista pode condenar a indústria automotiva brasileira à total obsolescência.
A China tem investido massivamente em pesquisa e desenvolvimento de veículos elétricos, resultando em uma gama de produtos que são competitivos tanto em termos de preço, quanto de desempenho. A entrada desses veículos no mercado brasileiro poderia impulsionar a adoção de tecnologias mais limpas e eficientes, beneficiando tanto os consumidores quanto o meio ambiente.
Ao barrar esses veículos com tarifas protecionistas, o Brasil não só impede o acesso a essas inovações, mas também envia uma mensagem negativa. Em vez de se posicionar como um mercado aberto e acolhedor para novas tecnologias, o país se apresenta como um local que favorece o protecionismo e a estagnação, o que pode implicar na redução de investimentos estrangeiros.
A intervenção do governo na economia deve ser mínima, e as forças de mercado devem ser livres para operar sem restrições artificiais. As tarifas protecionistas, como as propostas pelas montadoras brasileiras, são uma forma de coerção estatal que distorce o mercado e prejudica a liberdade econômica. Em vez de proteger a indústria nacional, essas medidas criam uma série de efeitos colaterais negativos que prejudicam o bem-estar dos consumidores e a eficiência econômica.
A melhor maneira de promover a prosperidade econômica e a inovação é através de um mercado verdadeiramente livre, no qual a concorrência é incentivada e em que as empresas são recompensadas por sua capacidade de inovar e atender às necessidades dos consumidores, mesmo que isso signifique permitir a entrada de produtos estrangeiros que possam oferecer benefícios superiores em termos de preço, qualidade e tecnologia.
Em vez de recorrer ao protecionismo, as montadoras brasileiras devem focar em estratégias que aumentem sua competitividade global, como por meio de investimentos em pesquisa e desenvolvimento, de parcerias com empresas estrangeiras para a troca de tecnologia, e da adoção de práticas de produção mais eficientes e sustentáveis.