Fofura em fotos: conheça os gambás-de-orelha-preta

A beleza controversa dos gambás

Filhotes de gambás-de-orelha-preta (Didelphis aurita) são uma visão encantadora. Raras são as pessoas que, ao vê-los, não ficam com o coração derretido.

Filhotes de gambás-de-orelha-preta resgatados, sendo cuidados no CETAS-ES | Foto: Leonardo Merçon/Instituto Últimos Refúgios

Com seus olhos curiosos, orelhas grandes, cauda preênsil, personalidade forte e adaptabilidade ao ambiente, são a representação perfeita da natureza adaptada ao nosso mundo. 

Filhote de gambá-de-orelha-preta utilizando sua cauda preênsil para se pendurar | Foto: Leonardo Merçon/Instituto Últimos Refúgios

No entanto, por trás dessa aparência cativante dos filhotes e o preconceito com os adultos, existe uma história que poucas pessoas conhecem, e que eu tive o privilégio de descobrir ao longo dos anos.

De preconceituoso à defensor

Confesso que, no início, eu era um dos muitos que tinham preconceito contra os gambás. 

Para mim, esses animais sempre pareceram estranhos, com sua aparência um tanto rústica e comportamento desengonçados. 

Mas a vida, com suas ironias, me levou a transformar essa visão de maneira drástica. 

Tudo começou quando minha amiga e colega, a bióloga Iasmin Macedo, me convidou para fazer parte de um projeto inusitado: o Projeto Marsupiais. 

Logotipo Projeto Marsupiais

Eu achei curioso que alguém quisesse dedicar tanto esforço a esses animais, mas aceitei o desafio, sem saber que esse seria o começo de uma jornada transformadora.

O Projeto Marsupiais

O Projeto Marsupiais, uma iniciativa do Instituto Últimos Refúgios, é dedicado à conservação dos marsupiais brasileiros, animais de extrema importância ecológica. Por enquanto, toda a equipe do projeto é VOLUNTÁRIA. 

Desde 2017, o projeto realiza pesquisas científicas e atividades de sensibilização ambiental, buscando aumentar o conhecimento sobre essas espécies únicas e promover sua conservação. 

Com  quase 70 espécies de marsupiais no Brasil, incluindo os conhecidos gambás e as menos conhecidas cuícas e catitas, o Projeto Marsupiais se empenha em transformar informações técnicas em conteúdo acessível para despertar a empatia do público. 

Além disso, o projeto desenvolve ações de resgate e reabilitação de marsupiais na Grande Vitória, Espírito Santo, habilitando voluntários e especialistas para garantir que esses animais possam retornar à natureza em segurança. 

A missão é clara: proteger esses animais incríveis e mostrar sua importância para o equilíbrio dos ecossistemas e para a vida humana.

As estrelas da festa

Logo no início do trabalho com o projeto, percebi que os gambás têm uma força peculiar para atrair atenção. 

Sempre que compartilhava algo sobre eles nas redes sociais, o engajamento era surpreendentemente alto. 

Isso me fez refletir: como poderia um animal tão mal compreendido despertar tanto interesse? Foi aí que comecei a enxergar os gambás sob uma nova luz. 

Não eram apenas animais estranhos; eram sobreviventes, adaptados ao caos urbano, e com uma importância ecológica que muitos desconhecem.

Mamãe gambá atravessando cerca de arame com filhotes nas costas | Foto: Leonardo Merçon/Instituto Últimos Refúgios

São animais que fazem parte da história das pessoas. Quem não tem uma história com os gambás? Mesmo que tenhamos ouvido dos avós, pais ou tios…

Uma constatação interessante é que as páginas nas mídias sociais do Projeto Marsupiais são as que mais crescem, mesmo que organicamente. Até mais do que a minha própria. Inclusive, o perfil no Instagram atingiu a marca de 30 mil seguidores na última segunda-feira. Que tal ser mais um a se juntar a causa dos nossos animaizinhos? Acompanhe no link abaixo:

www.instagram.com/projetomarsupiais

Eu adoro o sucesso dos gambás… mas também acho muito curioso.

A conexão emocional

No fundo, acredito que o sucesso do Projeto Marsupiais nas redes sociais está ligado à conexão emocional que as pessoas têm com os gambás. 

Esses animais, muitas vezes vistos como intrusos, na verdade compartilham nossas cidades e campos, criando uma relação de proximidade que poucos outros animais têm. 

Quem nunca ouviu uma história de família sobre um gambá no forro da casa, roubando frutas na mesa da roça ou uma mamãe carregando seus bebês?

Mamãe gambá-de-orelha-preta carregando filhotes nas costas, mostrando seu instinto de proteção | Foto: Leonardo Merçon/Instituto Últimos Refúgios

Essas experiências nos conectam, e acredito que é essa conexão que faz com que as pessoas se importem tanto com nossos amiguinhos peludos.

O gambá-de-orelha-preta

O gambá-de-orelha-preta (Didelphis aurita) é um verdadeiro mestre da adaptação. 

Habitando tanto áreas urbanas quanto florestas densas, esses marsupiais desempenham um papel crucial no equilíbrio ecológico. 

Eles são vorazes predadores de escorpiões, cobras, e até pequenos roedores, ajudando a manter essas populações sob controle. 

Além disso, sua habilidade de dispersar sementes faz deles importantes agentes na regeneração de florestas.

Gambá-de-orelha-preta em seu habitat natural na floresta | Foto: Leonardo Merçon/Instituto Últimos Refúgios

A espécie pode ser mal compreendida por humanos, que muitas vezes os confundem com ratos, que são considerados pragas, causando muitos problemas para eles.

Uma memória

Uma das histórias mais marcantes que vivi foi ao registrar uma ninhada de filhotes de gambás-de-orelha-preta, resgatados após uma interação infeliz com seres humanos.

Esses pequenos seres, frágeis e indefesos, foram levados ao CETAS/IBAMA-ES (Centro de Triagem de Animais Silvestres) onde receberam os cuidados necessários. 

Ver a amiga bióloga, Iasmin Macedo, com todo seu carinho e dedicação, segurando aqueles filhotes foi uma imagem que ficou gravada em minha memória.

A bióloga Iasmin Macedo com uma ninhada de filhotes de gambás-de-orelha-preta resgatados | Foto: Leonardo Merçon/Instituto Últimos Refúgios

O contraste entre a delicadeza dos filhotes e a seriedade da situação era avassalador.

Fotografar esses momentos foi desafiador e emocionante. Capturar a vulnerabilidade dos filhotes, pendurados pelas pequenas caudas nas mãos de Iasmin, me fez perceber o quanto nossa interação com a natureza pode ser, ao mesmo tempo, destrutiva e salvadora.

O que mais me tocou foi ver, apesar de tudo, como esses gambás ainda tinham um instinto de sobrevivência tão forte. 

Conseguia ver em seus pequenos olhinhos a vontade de viver.

A bióloga Iasmin Macedo segura um filhote de gambá-de-orelha-preta resgatado | Foto: Leonardo Merçon/Instituto Últimos Refúgios

Uma causa comum 

Enquanto fotografo esses animais, não posso deixar de pensar nas muitas ameaças que eles enfrentam. 

Atropelamentos, ataques de cães, caça, agressões e a destruição de seus habitats são desafios diários. 

É por isso que o trabalho do Projeto Marsupiais é tão importante. 

Por meio de ações de resgate e reabilitação, estamos dando uma segunda chance a esses animais. 

Com a parceria (Termo de Cooperação Técnica) com o IBAMA e o CETAS-ES, esse trabalho tem um impacto ainda maior, servindo como modelo para outras regiões do Brasil.

Um apelo

Se você é capixaba, sinta orgulho de fazer parte de um Estado que valoriza sua fauna. 

Mande essas informações sobre nossos gambás para seus amigos e ajude a espalhar a mensagem da conservação. 

Comente, curta e compartilhe este conteúdo. Sua interação é fundamental para manter viva a minha chama da conservação e mostrar ao mundo a importância de proteger nossa biodiversidade.

Espero que tenham gostado desta história. Te vejo na próxima aventura!

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Por Leonardo Merçon

Fotógrafo e Cinegrafista de natureza, fundador do Instituto Últimos Refúgios, Mestre em Conservação da Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável, apaixonado pelo meio ambiente! Junte-se a mim nesta incrível jornada de descobertas sobre a vida selvagem e veja mais histórias lindas que vivo estando sempre explorando a natureza. 🌳 (Foto de makingof: Iago Bueno)

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