Aventura na Amazônia: macaco raro é fotografado por lentes capixabas!

Descubra a história do fotógrafo capixaba ao registrar um raro macaco Parauacú na Amazônia, destacando a importância da conservação

11 de dezembro de 2024
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Há momentos na vida que nos surpreendem e relembram por que escolhemos um caminho. 

Esta história, começou em 2019, como mais uma das incríveis aventuras proporcionadas pela fotografia de natureza, mas eu não esperava o quão especial ela seria e que eu teria a oportunidade de fotografar uma espécie rara. 

Dois macacos Parauacús (Pithecia pissinattii) em uma árvore na Amazônia, talvez um casal

Dois macacos Parauacús raros observados na copa de uma árvore na floresta amazônica. | Foto: Leonardo Merçon/Instituto Últimos Refúgios

Quando comecei minha trajetória, anos atrás, ser fotógrafo de natureza no Espírito Santo era um sonho quase utópico. A profissão simplesmente não existia em minha terra natal. 

No máximo, jornalistas registravam ocasionalmente o mundo natural como parte de seu trabalho, mas poucos ousavam imaginar uma carreira dedicada exclusivamente à biodiversidade. E os que tentavam, tinham uma grande dificuldade de se manter nessa área.

Meu primeiro impulso foi o de quebrar barreiras. Apesar das dificuldades e até mesmo do descrédito, mantive meu foco. 

Se alguns já haviam conseguido, eu acreditava que também era possível para mim. Me recusava a acreditar que esse sonho fosse impossível. 

Minha determinação — talvez teimosia — me fez seguir em frente. Hoje, ao olhar para trás, percebo que cada obstáculo superado valeu a pena. E são aventuras como a que compartilho agora que dão sentido à minha jornada.

Uma chamada para a Amazônia

O convite veio de um grande amigo e parceiro de longa data, Thiago Silva-Soares, mais conhecido na internet como Thiago Biotrips. Ele é um apaixonado pela natureza e organiza expedições científicas únicas, com as quais ele financia suas pesquisas em campo. No início de seu trabalho com as “Biotrips”, me convidou para acompanhá-lo.

Leonardo Merçon e Thiago Silva-Soares em uma expedição na Amazônia, durante a primeira Biotrips

Leonardo Merçon e Thiago Silva-Soares explorando a biodiversidade na primeira Biotrips. | Foto: Thiago Silva-Soares/Instituto Últimos Refúgios

Desta vez, seria uma expedição na Amazônia. A proposta era simples: fotografar a aventura para divulgar as futuras viagens e registrar os incríveis animais que encontrássemos pelo caminho.

Imagine a emoção de um fotógrafo de natureza capixaba, frequentemente chamado de “ecochato”, pelas lutas nas causas ambientais, ser convidado para explorar o coração da maior floresta tropical do mundo! 

Essa oportunidade me levou a uma jornada de 20 dias pela imensidão verde, repleta de desafios e descobertas. Foram mais de 220 espécies fotografadas e identificadas, além de centenas de outras que não foram possíveis identificar por foto. 

Vista aérea da área de floresta amazônica onde ocorreu a expedição Biotrips

Foto aérea do cenário natural explorado durante a Biotrips na Amazônia. | Foto: Leonardo Merçon / Instituto Últimos Refúgios

Mas a cada momento eu me lembrava das dezenas de documentários sobre fotógrafos e cinegrafistas de natureza explorando a Amazônia. Agora era a minha vez. Que felicidade!

Um encontro raro

O dia estava ensolarado, e navegávamos pelas águas calmas de um braço do Lago Juma. Meu olhar atento, varria as copas das árvores, buscando qualquer movimento que indicasse vida. 

Foi então que avistei algo comum, porém, que alerta a atenção de um fotógrafo com muitos anos de experiência. Algo parecido com um cupinzeiro no alto de uma árvore, pode nem sempre ser um cupinzeiro. 

Macaco Parauacú (Pithecia pissinattii) encolhido em um galho alto na Amazônia, semelhante a um cupinzeiro

Parauacú observado de longe em um galho, confundido inicialmente com um cupinzeiro. | Foto: Leonardo Merçon / Instituto Últimos Refúgios

Com um pouco mais de atenção, percebi que era algo diferente. Para minha surpresa, não era um cupinzeiro nem uma preguiça. 

Era um casal de macacos com uma aparência incomum, que eu nunca havia visto: pelagem cinza-chumbo, cauda espessa e uma cara curiosa, emoldurada por algo que parecia um “cabelo em forma de cuia”. 

No momento, desconhecia a raridade do registro. Como de costume, fotografei os animais rapidamente, pois sabia que a natureza não espera. 

Mais tarde, ao pesquisar sobre a espécie, descobri que são conhecidos como “Parauacús” (Pithecia pissinattii) e havia apenas dois registros deles em plataformas de ciência cidadã no mundo inteiro. 

Registro do Parauacú no iNaturalist, incluindo o mapa de sua distribuição geográfica. | Foto: Leonardo Merçon / Instituto Últimos Refúgios

Meu registro, na plataforma inaturalist.org, seria o terceiro, e até hoje (ao menos que eu tenha conhecimento), o único que mostra dois indivíduos juntos. Talvez um casal…

Você pode conferir o registro online aqui.

Foi uma sensação indescritível. Encontrar algo tão raro me fez sentir o peso da responsabilidade e o privilégio de ser uma testemunha da biodiversidade Amazônica.

O Parauacú

Os Parauacús são primatas endêmicos do Brasil, com uma restrita área de ocorrência. Apesar de seu comportamento recluso, eles desempenham papéis fundamentais no ecossistema, dispersando sementes e ajudando a regenerar a floresta. 

Macaco Parauacú (Pithecia pissinattii) fotografado um pouco mais de perto, destacando seus traços únicos

Foto de um Parauacú, mostrando detalhes de sua pelagem e feições. | Foto: Leonardo Merçon / Instituto Últimos Refúgios

Infelizmente, são ameaçados pela degradação ambiental e pela caça ilegal, o que torna registros como esse ainda mais significativos.

Curiosamente, sua identificação ainda gera debates. Algumas autoridades os reconhecem como uma espécie distinta, enquanto outras os consideram uma subespécie de Pithecia irrorata, uma espécie um pouco mais comum. Seja como for, isso não diminui a importância do registro, nem minha felicidade em encontrar um animal tão interessante.

A Biotrips: uma experiência única

Essa aventura só foi possível graças à Biotrips, idealizada por meu amigo Thiago Silva-Soares. 

As expedições organizadas por ele combinam turismo científico com conexão à natureza. 

Cada viagem permite aos participantes vivenciar a biodiversidade de maneira íntima e selvagem, sensibilizando-os para a conservação dos biomas. As viagens são uma oportunidade de aprendizado e transformação. 

Making of da expedição Biotrips Amazônia, revelando momentos dos bastidores. | Foto: Leonardo Merçon / Instituto Últimos Refúgios

Recomendo fortemente que conheçam mais sobre esse trabalho incrível. E quem puder, garanta a sua vaga na próxima Biotrips (https://www.instagram.com/expedicoes.biotrips). (Olha a divulgação aí Thiago! rs)

Vista aérea de nossa embarcação navegando pelo Lago Juma, cercado pela floresta amazônica

Nossa embarcação no coração do Lago Juma, em plena floresta amazônica. | Foto: Leonardo Merçon / Instituto Últimos Refúgios

Uma mensagem de esperança

Ser fotógrafo de natureza é contar histórias que sensibilizem, inspirem e mobilizem. 

Essa experiência na Amazônia me fez refletir sobre o valor das experiências que temos na vida. Cada registro, cada descoberta, é um presente que recebemos do planeta.

Leonardo Merçon em uma das localidades exploradas durante a expedição na Amazônia

Leonardo Merçon explorando a biodiversidade em uma das localidades visitadas na Amazônia. | Foto: Thiago Silva-Soares / Instituto Últimos Refúgios

Espero que essa história inspire você a olhar para a natureza com mais interesse e a se envolver em sua conservação. Se seu sonho for tentar proteger a natureza, acredite nele, pois é possível! Afinal, o futuro da biodiversidade e dos curiosos macacos Parauacús, dependem de nossas ações.

Mas e aí, achou que valeu a pena perseguir o sonho de me tornar fotógrafo de natureza? 

Te vejo na próxima aventura!

Visite as mídias do Instituto Últimos Refúgios (https://www.instagram.com/ultimosrefugios), comente, curta e compartilhe este conteúdo. Envie o link para seus amigos que vão curtir esta história. 

Sua interação é fundamental para manter viva a nossa chama da conservação.

 

Por Leonardo Merçon

Leonardo Merçon, fotógrafo de natureza sorri enquanto um passaro chamado de "corrupião" ou "sofrê" pousa em sua câmera, interagindo com o fotógrafo.

Fotógrafo e Cinegrafista de natureza, fundador do Instituto Últimos Refúgios, Mestre em Conservação da Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável, apaixonado pelo meio ambiente! Junte-se a mim nesta incrível jornada de descobertas sobre a vida selvagem e veja mais histórias lindas que vivo estando sempre explorando a natureza. 🌳 (Foto de making of: Iago Bueno)


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