Crédito: Freepik
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Apenas 0,46% dos 21 milhões de sites ativos no Brasil atendem a todos os requisitos de acessibilidade
A acessibilidade nos meios digitais ainda é uma questão pouco explorada entre as áreas de tecnologia e serviços bancários, conforme indica uma pesquisa da consultoria de tecnologia da informação NTT DATA.
Apenas 0,46% dos 21 milhões de sites ativos no Brasil atendem a todos os requisitos de acessibilidade, que visam incluir as 30,3 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência no país. O dado, fornecido pelo Movimento Web Para Todos, ressalta a exclusão digital enfrentada por pessoas com deficiência no Brasil.
O levantamento também revela que, entre os 2.369 aplicativos para dispositivos Android com mais de 10 milhões de usuários, apenas 14,64% possuem descrições de imagem, um método utilizado para inclusão de usuários cegos e com baixa visão.
No setor de meios de pagamento, observa-se um cenário similar de exclusão. Apesar do aumento na bancarização e no uso de tecnologias avançadas no setor financeiro, a acessibilidade ainda não é uma prioridade. Entre as mais de 700 instituições autorizadas a oferecer o Pix, modalidade de pagamento mais utilizada em 2023, apenas 35 fornecem acessibilidade para a transação: 34 com ferramentas para pessoas com deficiência visual e 17 com recursos para pessoas com deficiência física ou mobilidade reduzida.
O estudo debate a inclusão de tecnologias assistivas que permitem a navegação por pessoas com deficiência. A falta de autonomia para acessar sites e aplicativos impacta a gestão financeira, tornando difícil realizar operações simples, como pagamentos e aberturas de contas, sem a presença de uma pessoa sem deficiência. O relatório destaca que, para utilizar a internet, essas pessoas podem necessitar de mouses ou teclados adaptados e, dependendo da severidade da deficiência, recorrer à navegação pelos olhos ou pela voz.
A pesquisa conduziu testes de usabilidade e acessibilidade para identificar as maiores barreiras tecnológicas ao acesso aos serviços financeiros digitais. A abertura de conta, geralmente realizada por meio de leituras de QR Codes ou coleta de biometria, exclui pessoas com dificuldades de locomoção, tetraplegia e deficiência visual. O login e acesso à conta, assim como o crédito pessoal, costumam exigir o auxílio de outra pessoa devido às dificuldades no uso de Token e preenchimento de informações. O pagamento de boletos, que demanda o preenchimento de muitos números, afasta pessoas com deficiência física devido à usabilidade inadequada. O Pix, novamente, é citado como uma ferramenta crítica, pois colar chaves e inserir valores demanda grande esforço de pessoas com dificuldades de locomoção.
A pesquisa também descobriu que a maioria das pessoas com deficiência entrevistadas não utiliza smartphones devido às dificuldades com os dispositivos, como segurar o aparelho ou o tamanho dos ícones na tela. O acesso aos serviços digitais é feito principalmente por notebook ou desktop. Portanto, serviços bancários que priorizam o acesso pelo celular apresentam dificuldades adicionais para pessoas com deficiência.
A NTT DATA sugere boas práticas para garantir o acesso aos serviços bancários por pessoas com deficiência:
Ouvir as demandas da comunidade e implementar melhorias nos softwares, atendimentos e processos de cibersegurança;
Adaptar as interfaces de acordo com cada deficiência, incluindo recursos por voz, teclas de acesso rápido, controle por movimento ocular, teclado virtual e aceitação de mouse externo;
Realizar testes de usabilidade e acessibilidade durante o desenvolvimento de novos produtos e serviços financeiros digitais;
Buscar parcerias com centros de referência no desenvolvimento de tecnologias assistivas, como hospitais e universidades;
Oferecer um serviço de táxi acessível para clientes que precisem ir até uma agência física tratar de questões e preferências da conta bancária;
O relatório conclui que ainda há muito a ser feito para garantir que pessoas com deficiência física tenham acesso aos serviços financeiros de que precisam, destacando a importância do desenvolvimento de produtos financeiros digitais mais acessíveis e intuitivos e o uso de tecnologias assistivas para facilitar o caminho à acessibilidade.