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Voz da inclusão

por Feapaes-ES

Círculo representado grupo

Crédito: Freepik

Autismo

Diagnóstico difícil pode maquiar número de pessoas com autismo

Crédito: Freepik

A atenção ao diagnóstico tem crescido

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) tem ganhado crescente atenção no campo da saúde no Brasil. Estima-se que cerca de 2 milhões de crianças no país são afetadas pelo TEA, embora esse número possa ser subestimado devido à escassez de estudos aprofundados e à dificuldade de diagnóstico em alguns casos.

A professora Helena Brentani, do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, destacou em entrevista para a rádio da universidade que o autismo não é uma doença, não tem cura e não é adquirido ao longo da vida; ele é uma condição com a qual a pessoa nasce. O diagnóstico tardio, segundo Brentani, ocorre porque o transtorno não foi percebido anteriormente, e não porque se desenvolveu com o tempo.

Recentemente, o diagnóstico do autismo passou por mudanças significativas. Uma delas é o reconhecimento da comorbidade, permitindo que o autismo seja diagnosticado juntamente com outros transtornos, como o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) ou algum tipo de deficiência mental, algo que antes era inviável devido às diretrizes médicas anteriores.

Outra mudança importante é a flexibilização da idade limite para diagnóstico, que antes era até os 3 anos de idade. Atualmente, qualquer pessoa, independentemente da idade, pode receber um diagnóstico inédito de TEA. Brentani observa que certas demandas sociais, como frequentar a escola, namorar, trabalhar ou participar de círculos sociais, podem evidenciar características do autismo em fases mais tardias da vida.

A classificação do autismo também foi revista. Antes, costumava-se categorizar o autismo em tipos distintos, mas hoje ele é entendido como um espectro, com diferentes graus de intensidade. A síndrome de Asperger, por exemplo, foi incorporada ao espectro autista, assim como o transtorno do neurodesenvolvimento, que agora é considerado uma forma mais severa de TEA.

O TEA é geralmente subdividido em três níveis: o primeiro corresponde ao que era conhecido como Asperger, o terceiro ao antigo transtorno do neurodesenvolvimento, e o segundo representa um intermediário, onde o indivíduo apresenta sintomas evidentes, mas ainda consegue desempenhar funções cotidianas, como trabalhar e manter uma conversa.

Para o diagnóstico do TEA, dois critérios principais são considerados: a comunicação social e a presença de movimentos estereotipados e repetitivos. Além disso, pessoas com TEA costumam ter dificuldade em interpretar figuras de linguagem, compreendendo expressões em seu sentido literal. Um interesse intenso e específico em certos assuntos, como dinossauros em crianças, também é comum.

O diagnóstico permite que a pessoa busque assistência especializada. Embora o TEA não tenha cura, o tratamento visa melhorar a qualidade de vida, oferecendo recursos para aliviar os desafios enfrentados no trabalho, em relacionamentos e em interações sociais.