Crédito: Freepik
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As barreiras sociais podem gerar problemas psicológicos
Setembro é um mês marcado por campanhas de conscientização, entre elas o Setembro Amarelo, que aborda a saúde mental, e o Setembro Verde, que traz à tona as questões relacionadas às pessoas com deficiência, destacando o Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência, em 21 de setembro. Em um contexto onde diagnósticos como burnout e depressão têm crescido de forma significativa, a saúde mental das pessoas com deficiência no Brasil permanece um tema pouco explorado e enfrenta muitos desafios.
A Lei Brasileira de Inclusão (LBI) define uma pessoa com deficiência como aquela que possui um impedimento de longo prazo, seja físico, mental, intelectual ou sensorial, que, em interação com barreiras do ambiente, pode dificultar a plena participação na sociedade. Esse conceito destaca que as dificuldades enfrentadas por essas pessoas muitas vezes não estão ligadas à deficiência em si, mas à falta de acesso adequado. Essa limitação de acesso pode causar frustração e impactar diretamente a saúde mental.
Dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019 revelam que quase 28% das pessoas com deficiência avaliaram seu estado de saúde como ruim ou muito ruim, em comparação com apenas 3,4% das pessoas sem deficiência. Fatores como a baixa inserção no mercado de trabalho, falta de educação acessível e ambientes pouco inclusivos contribuem para a insegurança psicológica, social e financeira dessas pessoas, elevando os níveis de estresse e ansiedade.
Além disso, segundo o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, pessoas com deficiência no Brasil recebem, em média, 31,2% a menos do que aquelas sem deficiência, o que evidencia uma desigualdade econômica significativa. Essa disparidade agrava o isolamento social, especialmente no ambiente profissional, onde a presença de pessoas com deficiência é limitada ou, em alguns casos, inexistente.
Exemplos de barreiras enfrentadas por esses profissionais incluem a falta de acessibilidade em processos seletivos, clínicas de exames admissionais e demissionais, além de dificuldades no dia a dia de trabalho. Situações como gestores que subestimam a presença da pessoa com deficiência, atribuindo-a apenas à política de cotas, e a realização de reuniões em locais inacessíveis também são desafios comuns.
Esses fatores afetam a autoestima e a autoconfiança, evidenciando o quanto as limitações estruturais e os estigmas relacionados à deficiência ainda persistem. Ambientes de trabalho inacessíveis e a falta de inclusão podem gerar frustração e ansiedade, tornando a adaptação a novas realidades ainda mais difícil para essas pessoas.
Diante desse cenário, é possível adotar algumas medidas para melhorar a saúde mental de pessoas com deficiência nos ambientes de trabalho:
Avaliação e Melhoria: Realizar auditorias, censos e avaliações contínuas para identificar necessidades e aperfeiçoar as condições de trabalho.
Conscientização: Capacitar equipes e gestores sobre as questões que envolvem pessoas com deficiência, para identificar barreiras atitudinais e promover adaptações necessárias.
Ambientes Acessíveis: Investir em adaptações físicas e tecnológicas que garantam a acessibilidade para todos.
Políticas de Inclusão: Implementar políticas de cultura inclusiva em todos os processos da empresa, desde a seleção até a demissão.
Valorização de Habilidades: Reconhecer as competências e talentos dos profissionais com deficiência, promovendo oportunidades de crescimento.
Suporte: Oferecer apoio psicológico, comitês de diversidade, grupos de apoio, políticas para aquisição de tecnologias assistivas, entre outras iniciativas.
Investir em inclusão, conscientização e suporte é essencial para a criação de ambientes de trabalho mais seguros, produtivos e saudáveis para todos, incluindo as pessoas com deficiência.