Crédito: Freepik
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Acessibilidade vai além de adaptações físicas
Com mais de 18,6 milhões de pessoas com deficiência, o Brasil enfrenta a necessidade de fortalecer políticas públicas e promover práticas de inclusão. A acessibilidade é apontada como um elemento central para garantir a participação plena de todas as pessoas na vida pública, com autonomia e segurança, além de contribuir para o desenvolvimento social e econômico.
De acordo com dados do relatório Future of Jobs (Fórum Econômico Mundial, 2023), 74,9% das empresas ao redor do mundo planejam adotar a Inteligência Artificial (IA) até 2027. Esse cenário é visto como uma oportunidade para a criação de ambientes mais inclusivos e a melhora da experiência de clientes e colaboradores.
Acessibilidade vai além de adaptações físicas, envolvendo a criação de ambientes que promovem inclusão e equidade. Nesse contexto, a IA tem se destacado como uma ferramenta estratégica para desenvolver soluções voltadas à inclusão, com potencial para transformar rotinas e processos em diversos setores.
A IA é classificada em duas vertentes: a inteligência específica, voltada para a execução de tarefas específicas, e a inteligência geral, capaz de realizar múltiplas atividades. Ambas podem contribuir para a criação de ambientes mais acessíveis, especialmente em empresas e plataformas digitais.
Entre as aplicações da IA no campo da acessibilidade, estão ferramentas que otimizam a navegação em sites, melhorando a experiência de usuários e adaptando recomendações de produtos de acordo com preferências individuais. Soluções assistivas, como leitores de tela e sistemas de navegação adaptados, também são exemplos práticos que permitem maior autonomia a pessoas com deficiência visual ou motora.
Embora a IA ofereça recursos promissores, é preciso enfrentar desafios para que a inclusão seja plena. A adoção de diretrizes como a WCAG (Web Content Accessibility Guidelines), que estabelece padrões para acessibilidade digital, ainda é limitada no Brasil. Além disso, a implementação de tecnologias assistivas requer políticas públicas que incentivem a sua disseminação.
Outro ponto crítico é a dependência da IA por dados diversos e representativos. A eficácia das ferramentas geradas está diretamente ligada à qualidade dos dados utilizados, o que traz à tona questões sobre transparência e diversidade. A conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) também é essencial, garantindo que as informações utilizadas respeitem a privacidade e sejam aplicadas de forma ética.
A adoção de IA no desenvolvimento de tecnologias assistivas tem o potencial de aprimorar a experiência dos usuários e contribuir para ambientes mais inclusivos. No entanto, para que isso se concretize, é necessário que governos, empresas e a sociedade civil mantenham um diálogo contínuo sobre acessibilidade e diversidade, integrando essas questões às estratégias de inovação.
A inclusão através da IA só será alcançada com o engajamento ativo de todas as partes interessadas, garantindo que as soluções desenvolvidas atendam às necessidades de toda a população. A construção de um futuro mais inclusivo demanda que a acessibilidade esteja no centro das prioridades organizacionais e que o desenvolvimento tecnológico considere, desde o início, a diversidade da sociedade. Se somos todos iguais em nossas diferenças, o acesso precisa ser igualitário!