Cotidiano

Advogada realiza sonho de ser mãe após morte do marido: “Pedacinho dele aqui”

A gravidez da advogada Soraya Fardin, de 44 anos, foi possível após um tratamento de fertilização em vitro (FIV)

Foto: Acervo pessoal
Foto: Acervo pessoal

O nascimento de uma nova vida é sempre um momento especial para as mães e muitas vezes o amor do casal supera a morte. E para a advogada Soraya Fardin, de 44 anos, grávida de Miguel, é a perpetuação de um sonho: ter um pedacinho do marido falecido no plano da Terra.

O marido e pai do bebê, Alberto Santos, faleceu no mês de julho de 2023, aos 43 anos, por conta de um câncer nas vias biliares, com metástase no fígado. A gravidez da advogada foi possível após um tratamento de fertilização em vitro (FIV) em Vitória.

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Em uma entrevista emocionante para a reportagem do Folha Vitória, Soraya descreve que ela e o marido se conheceram em 2012, começaram a namorar e se casaram em 2016.

Quando nos casamos, eu já tinha 35 anos e tinha o sonho de ter filhos, mas não sabia se iria dar certo. No momento que fiz 39 anos, vi que não tinha mais tanto tempo e resolvi esperar chegar aos 40 para procurar ajuda.

Soraya e Alberto procuraram ajuda médica para engravidar no mês de janeiro de 2021, e logo começaram o tratamento. “Fiz a fertilização in-vitro com uma biópsia para saber se o embrião seria saudável. Dos quatro embriões coletados, apenas um era compatível com a vida”.

Mas a esperança de gerar uma vida seguia com o casal. Durante a segunda fase do tratamento – necessária preparar o endométrio para a recepção embrião – foram realizados mais procedimentos. “Realizei uma nova FIV e o resultado foi mais um embrião compatível com a vida”.

Diagnóstico de câncer repentino na vida do casal

Entretanto, em meio aos momentos de alegria, Alberto foi diagnosticado com um câncer nas vias biliares, com metástase no fígado. A notícia foi recebida pelo casal no mês de outubro de 2022, deixando um buraco no peito, mas a permanência da esperança sempre estava presente.

Até cair a ficha, você vai no buraco e depois sobe. Mas eu sempre fui uma mulher de muita fé. Confesso que ele não era tanto, mas quando descobriu a doença ele agarrou a fé também, eu sou kardecista”, descreve Soraya.

Diante da agressividade do câncer, não era possível a realização de uma operação ou de transplante. Alberto, então, começou a fazer o tratamento de quimioterapia.

Ainda tínhamos dois embriões, o tratamento foi fluindo e resolvemos transferir um embrião, no início de 2023, para tentar ter nosso filho, mesmo em meio a doença. A gente fez a primeira transferência quatro meses antes do Alberto falecer, e o embrião não vingou. Alguma coisa me falou que não era para ser o momento. Eu ouvi muitos ‘nãos’ para ter o ‘sim’, no final de 2024.

Após uma intensa luta contra o câncer, Alberto faleceu em julho de 2023. “Ele foi internado no dia 3 de julho, na segunda, e, no sábado, faleceu. Ficou apenas cinco dias no hospital”.

Gravidez após a morte do marido

Depois do falecimento de Alberto, a ideia de ser mãe ainda estava muito presente na cabeça de Soraya. Entretanto, com o passar do tempo, o luto acabou freando a ideia. A advogada relata que encontrou força com a ajuda da espiritualidade.

Voltei a sair, fazer viagens, inclusive algumas que planejava fazer com Alberto. Mas a presença do embrião e a vontade de ser mãe eram muito fortes. Em 2024, resolvi realizar a transferência, o que só aconteceu em novembro

A transferência do embrião só foi possível por meio de uma autorização dada por Alberto ainda em vida. Atualmente, Soraya está grávida de 5 meses, do pequeno Miguel, que será uma perpetuação da vida do companheiro.

“É muito emocionante! Às vezes, penso que a gente tem várias vidas. Eu sinto muito, no ponto de vista espiritual dele, a proteção dele. Essa é a perpetuação do Alberto, vai ser um pedacinho do mundo dele aqui!”, finaliza a advogada.

Repórter do Folha Vitória, Maria Clara de Mello Leitão
Maria Clara Leitão

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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário Faesa e, desde 2022, atua no jornal online Folha Vitória

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