O professor de química que teria realizado um teste de tipagem de sangue em 44 alunos com a mesma agulha prestou depoimento à polícia nesta quarta-feira (19) e deu a versão dele sobre o ocorrido. O caso aconteceu em Laranja da Terra, no Noroeste do Espírito Santo.
Durante a aula, o professor, que não será identificado, teria realizado uma demonstração de tipo sanguíneo e convidou os estudantes para verem os próprios sangues no microscópio. Porém, ele teria utilizado o mesmo material de coleta, submetendo os alunos ao risco.
Segundo nota enviada ao Folha Vitória pela defesa, o professor entrou em contato com a Polícia Militar, Polícia Civil e o Ministério Público e se colocou à disposição para os esclarecimentos necessários.
Professor diz que tomou cuidados necessários
Ainda de acordo com a nota, “professor tomou todos os cuidados necessários (com os materiais que tinha a sua disposição) para evitar qualquer tipo de prejuízo ou risco aos alunos”.
A aula prática com os alunos não se tratou de realização de exame para identificação do tipo sanguíneo dos alunos e sim de visualização de células em microscópio, esclarece a nota da defesa.
Além disso, a defesa explica que a participação dos alunos se deu de forma voluntária e não houve qualquer imposição ou constrangimento.
De acordo com a Secretaria de Estado da Educação (Sedu), os estudantes são alunos das 2ª e 3ª séries do Ensino Médio, e têm entre 16 e 17 anos.
Amostras de sangue são enviadas para exames em Vitória
Os 44 alunos tiveram novas amostras de sangue coletadas. O material foi encaminhado para Vitória para realização de análises. De acordo com a mãe de um dos alunos, os testes são para identificar hepatites.
Sem se identificar, a mãe de um dos alunos contou como foi a conduta da escola com a situação e informou que se sentiu exposta.
Vi meu filho com um grupo grande de alunos e a polícia. Ninguém soube me explicar com exatidão o que estava acontecendo. Achei muito triste tudo o que aconteceu. A escola não entrou em contato com os pais para solicitar nossa presença para acompanhá-los no hospital ou para informar o ocorrido, disse.
O secretário estadual de Educação, Vitor de Ângelo, explicou que foi uma situação pontual, mas grave, e que os alunos repetirão os exames em 30, 60 e 90 dias para a confirmação dos resultados negativos.
“Foi uma atividade realizada com uma lanceta, é como se fosse uma caneta, que extrai superficialmente uma gotícula de sangue. Ocorre que isso foi feito sem os devidos cuidados e sem o conhecimento da escola. Uma vez que previamente a instituição não sabia dessa atividade, não pôde usar os recursos que tem em caixa para providenciar os materiais para que essa atividade seja realizada com segurança”, completou.
Os envolvidos recebem apoio psicológico e de assistência social pela Secretaria Estadual de Educação (Sedu). O professor foi demitido após o caso.