Cotidiano

"Crime de responsabilidade", diz padre Júlio Lancellotti sobre pessoas em situação de rua deixadas no ES

Grupo de 12 pessoas foi transportado pela Prefeitura de Cabo Frio até Linhares, norte do Espírito Santo

Padre Júlio Lancellotti
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

O padre Júlio Lancellotti se manifestou nas redes sociais nesta quinta-feira (10) sobre o caso das 12 pessoas em situação de rua abandonadas pela Prefeitura de Cabo Frio em Linhares, no Norte do Espírito Santo, na tarde de terça-feira (8).

Para o padre, trata-se de um “crime de responsabilidade”.

O caso, que repercutiu nacionalmente, veio à tona a partir de uma denúncia feita pelo prefeito da cidade capixaba, Lucas Scaramussa. Segundo o mandatário, as pessoas foram deixadas com uma promessa de emprego falsa.

Chegaram para a gente dizendo que haveria um grupo de empresários daqui, que estava mandando esse ônibus – supostamente de Linhares – para dar suporte, alojamento, trabalho, pagamento de R$ 20 a R$ 50 por saca de café, contou um dos passageiros do ônibus ao prefeito.

Após a repercussão, a gestão fluminense admitiu, em nota, que transportou as pessoas e algumas delas seriam naturais do Estado capixaba, tendo chegado ao Rio de Janeiro em busca de oportunidades de trabalho.

Segundo a prefeitura, o grupo manifestou “espontaneamente o desejo de retornar ao estado de origem para buscar novas oportunidades, especialmente na colheita do café, atividade da qual alguns já haviam participado em anos anteriores”.

O transporte, então, teria sido providenciado para cumprir o “papel de apoio e acolhimento temporário” que o município vinha prestando ao abrigar as pessoas em uma casa de passagem.

“Cada pessoa assinou uma autorização, com nome completo, CPF e assinatura, atestando ciência de que a Casa de Passagem se responsabilizaria apenas pelo transporte, não havendo qualquer intermediação de emprego, contato com fazendas, empresas ou oferta de vagas em outro município”, diz a Prefeitura de Cabo Frio.

Apuração e acolhimento

O Ministério Público do Espírito Santo (MPES), por meio da Promotoria de Justiça de Linhares, acompanha os fatos e disse atuar para garantir o acolhimento das pessoas.

Segundo o órgão, os focos principais são: apuração das circunstâncias do transporte e do eventual abandono dessas pessoas e identificação das pessoas que chegaram.

Seis pessoas do grupo foram levadas para a Casa de Acolhida São Francisco de Assis e a outra metade, para o Grupo Resgate, no distrito de Farias, onde receberam os cuidados necessários como banho, alimentação e atendimentos de saúde, informou a Prefeitura de Linhares.

Na manhã de quarta-feira (09), equipes da secretaria de Assistência Social iniciaram a busca ativa para localizar os familiares de 12 moradores.

Até o momento, a família de um deles, que é da Bahia, já foi comunicada e o município adotará as medidas necessárias para que ele seja reintegrado.

Julia Camim

Editora de Política

Atuou como repórter de política nos veículos Estadão e A Gazeta. Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa, é formada no 13º Curso de Jornalismo Econômico do Estadão em parceria com a Fundação Getúlio Vargas.

Atuou como repórter de política nos veículos Estadão e A Gazeta. Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa, é formada no 13º Curso de Jornalismo Econômico do Estadão em parceria com a Fundação Getúlio Vargas.