Após a repercussão do caso de uma menina, identificada como Sarah Raissa de Castro, de 8 anos, que morreu após participar do “desafio do desodorante“, imposto nas redes sociais, que obrigava os participantes a inalarem o conteúdo aerossol por cerca de uma hora para causar desmaio, diversos pais se preocuparam com os tipos de conteúdo veiculados na internet.
O caso da morte da menina aconteceu no domingo (13), em Brasília. Um inquérito foi aberto para apurar as circunstâncias sobre a morte da menina, de acordo com a Polícia Civil do Distrito Federal.
LEIA TAMBÉM:
Vídeo flagra momento em que funcionária de supermercado pula de janela após assalto
Justiça mantém prisão de pai que espancou e matou filha em Cariacica
Mulher se joga de janela após assalto em supermercado na Serra
“Desafio do desodorante”: casos têm sido frequentes
Casos como este têm acontecido com frequência nos últimos meses, deixando os adultos em alerta para que novos casos trágicos não aconteçam.
Em março, outra menina, de 11 anos, morreu depois de participar do mesmo desafio, após sofrer uma parada cardiorrespiratória, em Pernambuco.
Psicóloga dá orientação para os responsáveis
Em entrevista ao programa Fala ES desta segunda-feira (14), a psicóloga Luciane Infantini deu algumas orientações para que os pais fiquem atentos com que os filhos consomem nas redes sociais e na internet.
Ela afirma que é comum crianças quererem participar de desafios desse tipo, pois são curiosas e, muitas das vezes, as propostas são bem sedutoras.
Também é importante entender que, mesmo tendo uma conversa sobre o assunto, as crianças ainda não possuem maturidade neurológica para entender a gravidade do fato.
É normal que a criança queira descobrir, participar, desenvolver estes desafios impostos na internet, e as estratégias são sempre sedutoras. É importante que os pais estejam atentos, porque, às vezes, os pais se sentem seguros porque, talvez, já conversaram com os seus filhos sobre isso, e pensam que as crianças estão entendendo, mas, do ponto de vista neurológico, a criança não desenvolveu as funções executivas. Então, do ponto de vista do neurodesenvolvimento, a criança ainda não tem maturidade para entender a gravidade do assunto, disse a psicóloga.
Luciana destaca que os pais precisam estar atentos o tempo todo.
“Os pais precisam estar vigilantes, bloqueando determinados aplicativos e plataformas, tirar este tipo de conteúdo. É necessário tomar cuidado com esses tipos de desafios impostos na internet”, destaca.
Crianças se sentem desafiadas a superar “prova”
A psicóloga explica também sobre a percepção das crianças quando estão participando de um momento interativo na internet. Muitas das vezes, as crianças entram no desafio, pois se sentem capazes de superar aquela “prova” imposta.
Por isso, segundo a psicóloga, é importante transferir as habilidades praticadas durante a infância para outros tipos de atividades, como na prática de exercícios físicos. Luciana destaca que a fase de alerta é entre 12 e 14 anos de idade.
“O que elas querem neste momento é, de fato, se sentirem capazes de superar o desafio, se sentirem incluídas. Para elas, aquilo realmente é uma brincadeira. A criança tem a tendência de explorar o mundo e suas capacidades. Por isso, não adianta só proibir as redes sociais, é necessário que essas habilidades sejam transferidas para outros tipos de atividades, como nos esportes, como, por exemplo, no judô ou na ginástica”, explica.
*Texto sob supervisão da editora Erika Santos