Cotidiano

"Eu sabia que ela era má", diz sogra de suspeita por matar família envenenada no RS

Ela relembrou a tragédia sobre a qual a nora, Deise Moura dos Anjos, de 42 anos, é suspeita de ter preparado um bolo envenenado com arsênio

Deise Zeli Bolo
Deise dos Anjos e Zeli dos Amjos, nora e sogra. Foto: Reprodução/Redes Sociais

Após o envenenamento que matou três integrantes de sua família no fim do ano passado, Zeli dos Anjos falou pela primeira vez sobre o crime.

Em depoimento ao Fantástico, da TV Globo, exibido neste domingo (16), ela relembrou a tragédia sobre a qual a nora, Deise Moura dos Anjos, de 42 anos, é suspeita de ter preparado um bolo envenenado com arsênio.

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Eu sabia que ela era má, que fazia maldades, mas nunca pensei que fosse chegar nesse nível. Não tenho nem pena, nem raiva, nem ódio, nem sei que tipo de sentimento. Mas, quando eu penso que ela tirou as quatro pessoas mais importantes da minha vida…, disse.

O caso aconteceu em Torres, litoral norte do Rio Grande do Sul.

Seis familiares de Zeli passaram mal após comer o bolo envenenado por Deise – até então mulher de seu filho – em dezembro do ano passado. Todas foram levadas ao hospital, mas três não resistiram: Neuza Denize Silva dos Anjos, de 65 anos, e Maida Berenice Flores da Silva, de 59, irmãs de Zeli, além de Tatiana Denize Silva dos Anjos, de 47, filha de Neuza.

Em setembro do mesmo ano, Paulo Luiz dos Anjos, marido de Zeli, faleceu com um quadro tratado como intoxicação alimentar. Porém, após a repercussão do caso, exames confirmaram que ele também foi morto por arsênio. Segundo a investigação, o veneno foi misturado por Deise ao leite em pó que Paulo usou no café sem saber.

De acordo com o delegado responsável pelo caso, Deise não gostava de Zeli, o que pode ter motivado o crime. “Todos os depoimentos foram no sentido de um certo ódio que a investigada tinha pela sua própria sogra. Ela mesma, espontaneamente, disse que o apelido da sogra era ‘naja'”, contou Marcos Vinícius Muniz Veloso ao Fantástico.

Três dias após as mortes, Deise foi chamada para depor, mas negou envolvimento no caso. No decorrer das investigações, a polícia levantou suspeitas sobre sua versão e obteve um mandado para apreender seu celular e seu computador. A análise dos dispositivos revelou buscas na internet de termos como “veneno para o coração” e “veneno para matar humanos”.

Ela não planejou comprar só o arsênio. A primeira pesquisa dela foi o veneno mais mortal do mundo, afirmou o delegado ao Fantástico.

Foto: Reprodução Redes Sociais

Acusada morreu na última quinta-feira

Deise estava presa preventivamente desde 5 de janeiro deste ano na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba, acusada de triplo homicídio duplamente qualificado e tripla tentativa de homicídio duplamente qualificada. Na manhã da quinta-feira, 13, ela foi encontrada morta.

“Os agentes penitenciários, um pouco antes das 8h, faziam a conferência das celas para levar o café da manhã quando verificaram que ela estava sem vida”, disse a delegada Karoline Calegari, da Delegacia de Polícia de Guaíba, ao Estadão.

Segundo a delegada, Deise estava em uma cela individual, separada das demais presidiárias. A polícia constatou que ela se enforcou com a própria camisa.

Policiais civis e agentes do Instituto-Geral de Perícias (IGP) estiveram no local para os procedimentos investigativos. Informações preliminares indicam que, na quarta-feira, 12, o companheiro de Deise, Diego Silva dos Anjos, havia solicitado o divórcio, e ela entregou a aliança ao advogado.

Conforme mostrou o Fantástico, Deise deixou anotações em uma camiseta e na cela, afirmando que não era assassina. Seu advogado de defesa, Cassyus Pontes, disse que ela sofria de depressão.

“Obviamente, o cárcere e o isolamento, necessários até para preservar sua integridade física, agravaram essa condição. Por isso, desde o início, a defesa solicitou laudos médicos para garantir que ela recebesse o tratamento adequado”, afirmou Pontes.