Em comemoração à Semana do Portuário, a história de Reroldi Monteiro, especialista em segurança portuária da Vports, ilustra o impacto que o porto tem na vida das pessoas, das famílias e das cidades.
Desde criança, Reroldi foi imerso no universo portuário, acompanhando o avô, Geraldo Paulo Pereira, nas idas ao centro de Vitória em busca de trabalho.
Hoje, com 42 anos e 17 anos de experiência no setor, ele reconhece que sua trajetória está marcada pela influência do porto desde 1963, quando seu avô iniciou sua carreira como estivador.
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Família de estivadores: avô veio de Minas jogar futebol
O vínculo de Reroldi com o porto começa com uma coincidência: o avô, vindo de Minas Gerais e com passagens pelo Rio de Janeiro, chegou ao Espírito Santo para jogar futebol e encontrou na estiva uma oportunidade de trabalho.
Embora a profissão de estivador fosse, na época, transmitida de pai para filho, o destino de Reroldi foi ainda mais singular.
Seu avô teve apenas duas filhas, e a mãe de Reroldi, Hosana Pereira Monteiro, seguiu os passos do pai e indicou o genro, Damião Monteiro, para a profissão, que se tornou estivador e permanece no setor até hoje.
Eu nasci e meu pai já era estivador. Quando ele faleceu, em 2012, a carteirinha dele era a de número 4, ou seja, só havia três outros com mais tempo de estiva que ele, que era muito articulado. Lembro, ainda na minha primeira infância, de presenciar reuniões, que aconteciam na nossa casa e em casas de outros trabalhadores por conta do regime político. Era o início da organização do trabalho na estiva, conta Hosana.
Damião Monteiro hoje tem 68 anos, sendo 37 deles dedicados à estiva.
“Eu sigo trabalhando na estiva como especialista em empilhadeiras. Gosto muito do que faço, trabalho todos os dias e as pessoas me perguntam se não tenho lazer. Eu brinco que meu lazer e meu trabalho estão no mesmo lugar: no navio”, diz Damião.
Uma história que atravessa gerações
A história de Reroldi é uma mistura de herança afetiva e apoio prático. Em 2005, enquanto fazia faculdade de Direito, seu avô o incentivou a se inscrever em um concurso para o porto, oferecendo o suporte necessário para a inscrição.
Reroldi passou na prova e, embora tenha sido chamado somente em 2008, seu avô e seu pai, Damião, estavam ao seu lado, compartilhando com orgulho a profissão.
Desde que entrei, passei por muitas áreas. Já tive outras oportunidades, mas gosto de estar aqui. E sinto que meu avô segue comigo. Lembro do quanto ele ficou feliz com o resultado do concurso, conta Reroldi.
Reroldi se sente grato pela oportunidade de continuar o legado familiar e, em um momento tocante, menciona como seu avô ficaria feliz com sua entrada no setor.
Ele também repassa esse legado para sua filha, Nicole, de 11 anos, que já demonstra interesse pelo porto, mas também sonha com uma carreira em Medicina.
Para Nicole, o porto é mais do que um local de trabalho, é um espaço de histórias e memórias que sua família construiu ao longo de gerações.
“Eu vejo que meu pai e meu avô adoram o porto. Eles falam muito disso. E eu gosto também. O que eu mais gosto são os navios. Já estive várias vezes no porto porque meu pai me traz quando tem oportunidade de visitação. Já pensei em trabalhar no porto e em navio, mas tem hora que quero mais fazer Medicina. De repente, dá pra fazer as duas coisas”, diz Nicole.
Futuro do setor portuário
O universo portuário oferece diversas oportunidades e, com o avanço da tecnologia e da educação, o setor continua a ser uma importante fonte de geração de emprego e renda no Espírito Santo.
Com mais de 25 empresas nos portos de Vitória e Vila Velha, administrados pela Vports, o setor de logística, gestão portuária e economia do mar segue em crescimento.
Em breve, o Senai Porto, uma unidade de ensino especializada, será inaugurado na Vports, oferecendo formação para profissionais das áreas de logística e tecnologia.
Para Reroldi, o porto segue sendo um lugar de trabalho e sonho, e ele sente uma grande gratidão por tudo o que sua família conquistou ao longo dos anos.
Texto sob a supervisão da editora Erika Santos