Cotidiano

Jovem traduz falas de juíza para noivo surdo em casamento e comove a web

Juliana e Paulo estão juntos há dois anos e emocionaram a web

Juliana e Paulo se casaram no Rio de Janeiro

Reprodução/Arquivo Pessoal
Juliana e Paulo se casaram no Rio de Janeiro Reprodução/Arquivo Pessoal

A inclusão é um gesto de amor. Na verdade, é uma das formas mais autênticas e sinceras de demonstrar afeto, mostrar que realmente se importa com alguém.

Nos relacionamentos interpessoais, nas relações amorosas, incluir, dar lugar ao outro é fundamental para que os sentimentos possam crescer de forma espontânea. Foi justamente um gesto de inclusão entre um casal carioca que emocionou internautas de todo o Brasil.

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A história de amor é como muitas outras: duas pessoas se conhecem, começam a se gostar e firmam um namoro. O caso de Juliana Alves Martins de Alcântara, de 21 anos e Paulo Nascimento de Alcântara de 35 seria assim também, mas há uma diferença excepcional: ele é surdo.

Os dois se casaram em 29 de março, em um cartório com testemunhas e alguns amigos. Para ajudar o noivo a não perder nenhum segundo da experiência, Juliana interpretou e traduziu todas as falas da juíza que uniu o casal.

Fiz uma interpretação improvisada com apenas uma mão, com a outra estava segurando o buquê, da fala da juíza. No cartório não tinha intérprete, contou Juliana.

Um detalhe da cerimônia chamou a atenção: Paulo conseguia acompanhar as falas da juíza e ao mesmo tempo observar os gestos da noiva. Segundo Juliana isso tem uma explicação bem clara.

De acordo com ela, pessoas surdas, por terem um sentido a menos, têm a visão periférica mais apurada. Por conta disso, conseguem acompanhar duas coisas ao mesmo tempo apenas com os olhos.

Vídeo viralizou

Com toda a repercussão, o vídeo logo viralizou e se tornou sensação na internet. O gesto de inclusão e a união entre o casal cativou internautas. Segundo Juliana, a intenção era justamente essa: mostrar que as pessoas com deficiência podem ter vidas plenas e felizes.

Reprodução/Arquivo Pessoal

O casal já cria conteúdo na internet há algum tempo, com foco sempre na inclusão. Como diz Juliana, celebrar as diferenças é mais que importante, como necessário. Afinal, todos somos diferentes e especiais do próprio jeito.

Com esse vídeo nós mostramos para todo o Brasil inteiro que para o amor não existem barreiras. O amor não olha para a deficiência! E que é sim possível um surdo socializar, estudar, se formar, casar, ter filhos e principalmente ser feliz, disse.

Como casal se conheceu

Juliana e Paulo se conheceram justamente em um curso de Libras, em 2023. No dia em que colocaram os olhos um no outro pela primeira vez, a moça havia chegado atrasada para uma apresentação.

Ao final da aula, a professora perguntou se havia algum voluntário para apresentar uma frase em Libras na frente da sala.

Naquele momento, Juliana aproveitou um conselho da mãe, que sempre diz: Juliana, sempre se voluntarie à fazer o que ninguém está disposto à fazer, por que é assim que você conquista sua importância onde vai!

Ela não perdeu tempo e logo soltou a frase, um conselho da professora: eu quero um namorado surdo.

Nas últimas aulas, a professora fez uma dinâmica diferente, convidou um professor surdo. Esse professor era o Paulo, que se sentou ao lado de Juliana e ali começaram sua história.

Eu só tinha o curso básico de Libras e me apaixonei por ele junto com a Libras! Todos os dias nós nos encontrávamos, íamos e voltávamos do trabalho juntos no metrô lotado. Ele me ensinando não só a Língua Brasileira de Sinais mas também me ensinando à amá-lo. E eu me apaixonando por ele, pela cultura dele e pela língua, conta. 

Casamento inclusivo

Apesar da união no cartório, o casamento religioso do casal acontece neste domingo (20), em uma praia do Rio de Janeiro e para deixar o casório ainda mais inclusivo, o pajem será uma criança autista.

Reprodução/Arquivo Pessoal

Além disso, haverá outros convidados autistas e cadeirantes. Juliana explica que será uma grande celebração às diversidades.

Com atitudes inclusivas, nós respeitamos a diversidade. Não somos todos iguais. Somos todos diferentes. Eu venho de uma família de autistas, e o Paulo, meu noivo de uma família de surdos. O nosso casamento será um evento muito inclusivo. Nossa cerimônia será transmitida nas duas línguas, libras e português. Convidados cadeirantes, convidados autistas e outras demais deficiências

Guilherme Lage, repórter do Folha Vitória
Guilherme Lage

Repórter

Formado em Jornalismo, é repórter do Folha Vitória desde 2023. Amante de música e cinema.

Formado em Jornalismo, é repórter do Folha Vitória desde 2023. Amante de música e cinema.