
O Ministério Público do Espírito Santo (MPES) e a Companhia Espírito-santense de Saneamento (Cesan) firmaram um acordo para efetivar a regularização de imóveis não ligados à rede pública de esgoto.
Os donos dos imóveis irregulares serão notificados e deverão cumprir a ligação sob possibilidade de instauração de uma investigação criminal pelo MPES em caso de desrespeito à ordem.
O Acordo de Cooperação Técnica tem o objetivo de garantir sustentabilidade e qualidade de vida aos capixabas a partir de um plano de ações que vai identificar as propriedades irregulares e fiscalizar as ligações de esgoto.
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Atualmente, os dados revelam que só nas cidades de Vitória, Vila Velha, Cariacica, Serra, Viana e Guarapari 25 mil imóveis estão, possivelmente, irregulares, informou o presidente da Cesan, Munir Abud:
Estes imóveis possuem rede de esgotamento disponível, mas não fizeram a conexão regular. E aí é que está o problema, porque a companhia não tem poder de polícia para obrigar o morador a fazer a ligação à rede. Cabe às organizações fiscalizadoras (como o MPES) e às prefeituras fazer o acompanhamento.
Como a conexão à rede de esgoto tem um custo, os primeiros bairros na mira dos órgãos serão os mais ricos e de classe média, visto que, nestas regiões, explica Abud, os moradores têm capacidade financeira para executar a ligação
“Os imóveis irregulares estão espalhados nos municípios como um todo. No entanto, de 2 mil a 3 mil moradores têm, declaradamente, renda mais baixa. Ou seja, muitas pessoas – a maioria – podem regularizar a situação”, pontua o presidente da Cesan.
A universalização do serviço de saneamento básico é uma meta estabelecida pelo novo marco legal do saneamento – até 2033, 99% da população deve ser atendida com água potável e coleta e tratamento de esgotos.
A ação é vista como uma questão de saúde pública e está alinhada a uma lei federal que determina que todos os edifícios de uma cidade devem ser conectados à rede pública de esgoto quando esta estiver disponível.
Os proprietários são sujeitos ao pagamento de impostos decorrentes do uso do serviço. Para Abud, este, inclusive, é um dos motivos para a não ligação. Outro apontado pelo presidente da companhia é o desconhecimento da irregularidade.
Ação de regularização dos imóveis: como vai funcionar
A atividade será iniciada na Grande Vitória e, em seguida, expandida para os demais municípios. O primeiro passo será a realização de um levantamento da Cesan para identificar todos os imóveis do Espírito Santo não conectados à rede de esgoto.
Até este momento, a expectativa é de que sejam aproximadamente 75 mil imóveis irregulares em todo o Estado.
As informações coletadas serão então repassadas ao MPES e às cidades capixabas, responsáveis por notificar os proprietários e fiscalizar o cumprimento das ligações.
O Ministério Público será o coordenador das ações e, a princípio, vai realizar uma campanha educativa para que os moradores façam, de maneira espontânea, a ligação. Em caso negativo, o poder Judiciário poderá ser acionado.
“O MPES possui poder de polícia para notificar, processar e acompanhar de perto a situação, que é cível e criminal”, explica Abud.
Se um imóvel notificado não realizar a ligação exigida, o órgão poderá instaurar Notícia de Fato, Procedimento de Investigação Criminal ou oferecer Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) aos proprietários.