Cotidiano

"Mulheres Fênix": livro retrata violência doméstica no ES com relatos reais

Servidoras da Sesp escreveram o livro "Mulheres Fênix" para mostrar que vítimas de violência doméstica podem dar a volta por cima

Mulheres Fênix Livro
Autoras do livro "Mulheres Fênix". (Foto: Divulgação/Sesp)

A violência doméstica é uma realidade vivida em diversos lares espalhados pelo Brasil, sendo as mulheres os alvos mais constantes de agressões verbais e físicas, traumatizando famílias que vivenciam momentos de ódio dentro de casa.

Muitas dessas vítimas procuram as delegacias de Polícia Civil para denunciarem os agressores que destroem suas vidas, e foi baseado nessas histórias que quatro mulheres, com experiência profissional na área policial e penal, resolveram escrever o livro “Mulheres Fênix: renascimento pela superação”.

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As autoras Arcângela Pivetta, Maria Aparecida Sfalsini, Marta Costa e Ariane Sfalsini reuniram no livro histórias reais de dez vítimas de violência doméstica e familiar, que não foram identificadas e reescreveram o que passaram ao longo do período de violência.

Todas as escritoras trabalharam em áreas onde a violência doméstica vive em alta. Arcângela Pivetta trabalha cerca de 30 anos na Polícia Civil do Espírito Santo, assim como Marta Costa, que é escrivã da Polícia Civil.

Maria Aparecida Sfalsini foi delegada da Polícia Civil por 20 anos e já trabalhou na Defensoria Pública do Espírito Santo. Ariane Sfalsini é advogada, especialista na área criminalista.

Para Arcângela, as histórias mostram a sociedade que a violência doméstica não é exclusiva de uma classe social, mas, sim, de todas.

Unimos nossas experiências para trazer luz às histórias de mulheres que nós conhecemos, atendemos e ajudamos a se livrar de relacionamentos doentios e violentos. Tivemos o cuidado de proteger a identidade dessas mulheres, mas decidimos trazer histórias verdadeiras como forma de mostrar à sociedade que a violência doméstica existe em todas as classes sociais, em todos os tipos de família, e pode estar mais perto do que imaginamos, relatou Arcângela.

Delegacia como ponto de partida

O livro foi estruturado em forma de contos, e mostram as histórias de pessoas de diversas áreas, como executivas, funcionárias públicas, donas de casa e jovens universitárias. As histórias sempre se iniciam no mesmo lugar, a delegacia de polícia.

Em entrevista ao Folha Vitória, uma das autoras do livro e escrivã da Polícia Civil, Marta Costa, disse o que motivou as autoras a escreverem o livro.

“Demonstrar que a violência contra a mulher ocorre de fato em todos os estratos sociais e que, através da autoajuda, a mulher consegue romper este ciclo de agressão, foi o que nos motivou a escrever o livro”.

Marta também relatou que contar as histórias de mulheres que vivem violência doméstica, na prática, foi desafiador e emocionante.

É difícil recordar as mazelas do dia a dia, mas nosso objetivo com este livro é auxiliar as mulheres que sofreram violência doméstica. Elas irão refletir sobre suas vidas, recuperar seu eu e sair deste ciclo curadas e renovadas, tal como a fênix que ressurge das cinzas. Escrever esse livro foi gratificante para nós. O grupo se reuniu diversas vezes, começamos a discutir os casos, relembramos mais de trinta casos em nossas carreiras, mas optamos por dez casos e os convertemos em contos com uma análise crítica de empoderamento, disse Marta.

A escritora destacou que a sociedade tem avançado no combate à violência doméstica. “Ainda há muito a ser realizado. Dispomos de uma ampla rede de suporte. Basta perder o receio (medo) e buscar auxílio”.

Ela finalizou dizendo que contar essas histórias é importante para conscientizar não só as vítimas, mas toda a sociedade.

O livro dá o seguinte recado: para as mulheres que sofreram violência – Liberte-se, a cura reside em você, seja forte e destemida. Não se sinta sozinha. Denuncie. Para todos, o livro atua como um manual de tratamento. Ele é uma leitura indispensável para aqueles que buscam entender a magnitude do efeito da violência e o percurso para a recuperação.

O lançamento do livro ocorreu no início de fevereiro, em Campo Grande, Cariacica.

*Texto sob a supervisão da editora Maeli Radis