
A figura de São Jorge é envolta em diversas narrativas lendárias, sendo a mais conhecida delas a que o retrata como o valente guerreiro que enfrentou e matou um dragão para salvar uma jovem princesa.
A lenda, que teria se originado durante o período das Cruzadas, representa simbolicamente a vitória da fé sobre o mal e contribuiu para transformar o mártir cristão em um dos santos mais cultuados ao redor do mundo.
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Segundo a tradição, o episódio se passou em Selém, na antiga Líbia, onde um dragão aterrorizava a população. Para aplacá-lo, os moradores ofereciam diariamente dois cabritos — e, eventualmente, um jovem escolhido por sorteio.
Quando a sorte recaiu sobre a filha do rei, ela foi enviada ao pântano. Mas no caminho, foi salva por Jorge, que matou o monstro com sua espada. O gesto heroico tornou-se símbolo da força da fé cristã.
Oração de São Jorge
Veja a oração de São Jorge:
“Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge para que meus inimigos, tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me vejam, e nem em pensamentos eles possam me fazer mal.
Armas de fogo o meu corpo não alcançarão, facas e lanças se quebrem sem o meu corpo tocar, cordas e correntes se arrebentem sem o meu corpo amarrar. Eu estou vestida e armada com as armas de Jorge.“
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Devoção e simbolismo
Padroeiro dos cavaleiros, soldados, escoteiros, esgrimistas e arqueiros, times de futebol, escolas de samba e outras áreas, São Jorge é também invocado contra doenças como peste e lepra, além de mordidas de serpentes venenosas.
Apesar da escassez de registros históricos precisos, o culto ao santo permanece forte. As relíquias estão espalhadas pelo mundo. Em Roma, o crânio de São Jorge é preservado na Igreja de São Jorge em Velabro, por desejo do Papa Zacarias.
Quem foi o São Jorge?
De nome grego que significa “agricultor”, Jorge nasceu na Capadócia por volta do ano 280. De família cristã, mudou-se para a Palestina, onde ingressou no exército do imperador Diocleciano.
Em 303, ao ser decretada uma perseguição aos cristãos, Jorge renunciou às riquezas, rasgou publicamente o edito imperial e declarou sua fé em Cristo. Foi preso, torturado e decapitado por sua crença.
No local onde foi sepultado, na cidade de Lida — antiga capital da Palestina, hoje próxima a Tel Aviv, em Israel — foi erguida uma basílica, cujas ruínas ainda podem ser visitadas. O martírio é descrito em registros antigos como a Passio Georgii, considerada lendária, mas a existência de São Jorge é confirmada por uma epígrafe grega de 368, que menciona uma igreja dedicada a ele e seus companheiros mártires.
Durante a Idade Média, os cruzados foram fundamentais para moldar a imagem de São Jorge como santo guerreiro, vendo nele a representação da luta contra o islamismo. Na Inglaterra, seu culto se fortaleceu com os Normandos, e em 1348, o rei Eduardo III criou a Ordem dos Cavaleiros de São Jorge. Sua figura passou a habitar o imaginário das narrativas épicas, ao lado de heróis como Rei Arthur e Carlos Magno.
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São Jorge e a influência na cultura popular brasileira
Celebrado em 23 de abril, o Dia de São Jorge é marcado por devoção religiosa e manifestações culturais em diversas regiões do Brasil. Conhecido como o santo guerreiro, ele ocupa um lugar central no imaginário popular brasileiro, especialmente no Rio de Janeiro, onde a data é feriado estadual desde 2019.
A veneração ao santo ganhou força por meio do sincretismo religioso, sendo associado a Ogum, orixá cultuado na umbanda e no candomblé. A conexão fortaleceu as celebrações com elementos da cultura afro-brasileira, como feijoadas, rodas de samba e festas populares.
A oração de São Jorge se tornou símbolo de proteção e resistência, especialmente entre os sambistas. Em 1975, o cantor Jorge Ben Jor eternizou sua versão no álbum Solta o Pavão. Anos depois, a oração foi reinterpretada por Zeca Pagodinho na canção “Ogum”.
A cantora Maria Bethânia também homenageou o santo em diversas apresentações, reforçando os laços entre a fé, a música e a cultura popular brasileira.