Arthur Santos de Melo, de 16 anos, que sobreviveu a um naufrágio ao lado do pai, Lafaiete Rocha de Melo, contou com exclusividade à TV Vitória sobre os três dias e três noites de horror após o barco em que eles estavam naufragar.
Pai e filho, além de um terceiro tripulante, Saith Gabriel Simões, de 46 anos, ficaram à deriva durante todo o período, com pouquíssima água e quase nenhuma comida. O adolescente relata que já havia perdido a esperança de ser resgatado quando finalmente os dois tripulantes foram encontrados.
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Ele relembra o acidente e diz que sequer percebeu quando o barco onde eles estavam foi atingido por uma onda.
Quando fui ver já estava todo coberto de água, um breu, uma escuridão. Parecia que era um pesadelo, relatou.
Quando foram resgatados, no último dia 23 de março, pai e filho se encontravam em estado precário de saúde, mas se recuperam bem em casa. “Agora estou bem melhor, comparado a antes, que o estado estava feio“, revela.
“Não sai da nossa mente”, afirma pescador
Para Lafaiete, pai de Arthur, a noite em que o acidente aconteceu ainda não saiu da cabeça. Ainda mais porque Saith não foi encontrado.
É triste. O pensamento não sai da nossa mente, tudo o que aconteceu, o outro rapaz que não conseguiram achar. É triste, porque ele poderia estar aqui com a gente, salvo, disse.
Após 75 horas de buscas, a Marinha informou que suspendeu as buscas por Saith.
Sobre o resgate, Lafaiete se lembra que não tinha mais forças para continuar à deriva, quando foi salvo.
“Eu não tinha mais forças e falava: ‘o meu filho, pega o meu filho, saiu tem pouco tempo de perto de mim‘”, relatou.
Relembre o caso
O barco “Ana Júnior” havia saído do distrito de Itaipava, em Itapemirim, no Sul do Espírito Santo, no dia 12 de março. Uma onda forte fez o barco virar e os três tripulantes ficaram vários dias à deriva. Apenas a proa do barco não ficou submersa.
No dia 23 de março, um barco de pesca passou próximo aos náufragos, que estavam próximos a Jacaraípe, na Serra, 140 quilômetros de onde partiram. Saith Simões Gabriel, que continua desaparecido, teria usado uma tábua e saído a nado em direção à costa, para buscar ajuda.
Três dias depois do resgate, a Marinha encontrou o barco que naufragou. A corrente marítima e os ventos levaram o barco em direção ao sul, e para longe da costa, mais de 80 quilômetros mar adentro.
*Com informações do repórter Lucas Pisa, da TV Vitória/Record