- Clair Obscur tem combates inovadores, misturando turnos com ação em tempo real
- Narrativa profunda aborda temas como morte e esperança com elegância
- Direção artística deslumbrante e trilha sonora memorável
Clair Obscur: Expedition 33 não é apenas um RPG por turnos. É uma declaração de amor ao gênero, feita com tanto cuidado que me deixou impressionado do início ao fim. Com gráficos lindíssimos, uma direção de arte única, o jogo já me deixou de queixo caído logo no início.
Da narrativa impactante aos combates que exigem atenção e reflexo, tudo aqui vibra com intensidade. Para quem, assim como eu, aguardava um RPG que pudesse rivalizar com clássicos como Final Fantasy, Dragon Quest e Persona, essa espera finalmente acabou.
Um mundo marcado pela finitude
A trama se desenrola em um universo sombrio onde todos sabem a idade exata com que irão desaparecer. Essa contagem regressiva, que a princípio parece cruel, é também um convite à reflexão sobre como aproveitamos o tempo que nos resta. Acompanhando um grupo de sobreviventes desesperados por romper esse ciclo fatal, vivenciei uma jornada intensa sobre perda, memória e esperança.
Algo que me chamou muita atenção foi a maneira natural e sutil com que a história se desenrola. Nada é exagerado ou forçado. Os personagens têm diálogos críveis e construções orgânicas, reforçando o peso emocional de cada cena. Todos parecem “vivos”, verdadeiros, e em cada interação, suas motivações vão se desvelando.
Combate por turno com alma de RPGs de ação
Se o enredo já era suficiente para prender minha atenção, o combate me conquistou de vez. Apesar de ser baseado em turnos, Clair Obscur incorpora mecânicas de ação em tempo real que exigem reflexos rápidos para esquivar, defender e contra-atacar, mesmo durante o turno inimigo. Essa combinação mantém a tensão sempre alta, garantindo uma experiência desafiadora e empolgante.
Além disso, as influências claras de Persona 5 são um bônus para fãs do gênero, especialmente na gestão estratégica das armas e habilidades. Cada personagem possui mecânicas únicas, exigindo que o jogador monte equipes equilibradas para enfrentar chefes realmente difíceis.
A minha única ressalva é com a clareza do jogo. Inimigos poderiam ter avisos, mesmo que sutis, de seus ataques e os momentos corretos para se fazer a defesa ou a esquiva. Por ser um jogo em que inimigos poderosos aparecem constantemente, até que eu conseguisse pegar o padrão de ataque de cada inimigo, já tinha levado alguns bons ataques.
Também tem a questão que os inimigos por vezes tem animações que parecem um pouco mais lentas do que deveriam. Tomei diversos golpes também por conta disso.
Uma verdadeira obra de arte em movimento
Visualmente, Clair Obscur é deslumbrante. Com uma direção artística inspirada na Belle Époque, cada cenário parece uma pintura viva que me convidava a explorar cada detalhe. O mundo, embora sombrio e melancólico, é de uma beleza rara que combina perfeitamente com o tom da história.
A trilha sonora merece um destaque especial: variando entre sinfônica, eletrônica e ópera, cada faixa parecia encaixar perfeitamente com os eventos na tela, criando uma atmosfera envolvente e imersiva.
Outro ponto notável é a expressividade dos personagens. Durante as cinemáticas, pude sentir claramente o peso emocional dos acontecimentos nas suas expressões faciais, tornando-os mais humanos e convincentes.
E essa parte faz MUITA diferença: apesar de serem personagens notadamente mais caricatos (com exceção de Gustav, que parece ter sido baseado no ator Robert Pattison), são extremamente humanos e bonitos.
Pequenas ressalvas na narrativa e na clareza
Apesar dos muitos elogios, acredito que Clair Obscur poderia ter explorado mais profundamente algumas ideias e eventos da trama. Em certos momentos, senti falta de mais contexto ou explicações adicionais, o que ocasionalmente deixou o enredo um pouco misterioso demais. Ainda assim, isso não chegou a comprometer minha experiência, e pode até ter sido uma escolha intencional da desenvolvedora.
Outro ponto é que o jogo poderia ter mapas em áreas internas. Por vezes me peguei dando voltas e voltas em mapas já vazios, apenas procurando a saída ou o próximo objetivo. É um ponto que pode ser trabalhado ainda no jogo, com alguns patches, ou em uma sequência.
VEREDITO
Clair Obscur: Expedition 33 é uma joia rara entre os RPGs modernos. Com cerca de 30 horas de duração (joguei mais, mas isso pelo meu espírito “complecionista”), oferece uma experiência intensa e refinada que fica marcada mesmo após o término. Se você busca uma história impactante, um combate inovador e uma direção artística impecável, este é um jogo obrigatório.