Especial Mulheres

Rotatória do Ó e binário: pedreira quebra preconceitos em obras na Serra

A pedreira Jeorgia Silete exerce há 10 anos a profissão dominada pelos homens, com muita garra e sabedoria nos canteiros de obra da Serra

Foto: Divulgação/ PMS
Foto: Divulgação/ PMS

 “A nossa força é maior do que os desafios”. A declaração é de Jeorgia Silete, de 45 anos, pedreira que há cerca de 10 anos exerce a profissão, dominada pelo público masculino, com muita garra e sabedoria nos canteiros da construção civil da Serra.

No currículo da profissional estão obras importantes para o município, as quais ela se refere com orgulho de ter participado: revitalização da Rotatória do Ó (atual Complexo Viário Eldes Scherrer de Souza), Orla de Jacaraípe e Binário da Serra.

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Em entrevista ao Folha Vitória, Jeorgia afirma que começou a trabalhar na profissão com 16 anos, como uma maneira de economizar na construção da casa da mãe. E a necessidade revelou o talento para atuar profissionalmente há mais de 10 anos.

Tudo começou aos 16 anos, com a ajuda de um pedreiro que estava na obra na casa da minha mãe. Ele me ensinou a fazer alguns serviços e depois disso nunca mais parei.

Diante da necessidade, a mineira de Governador Valadares, criada em Marilac, iniciou realizando alguns serviços particulares até se mudar para o Espírito Santo no ano de 2009, onde começou a atuar em obras no Estado.

“Comecei a minha história fazendo casas e também alguns serviços particulares. Após isso, vim para o Espírito Santo e a partir disso iniciei em uma construtora, fiz cursos de alvenaria, elétrica, me ficharam para trabalhar e nunca mais parei”, conta.

Preconceito presente na profissão

No início, uma das dificuldades de ter uma profissão na qual a maioria dos trabalhadores são homens foi ser aceita nas obras em que era chamada para atuar.

Em pleno século XXI, o preconceito de gênero ainda limita a atuação de mulheres na construção civil.

Atualmente, o principal desafio que ainda tenho é o preconceito, que ainda é existente dentro dos canteiros de obras. Já teve situações que não me aceitaram na obra por ser mulher, revela.

Jeorgia também ressalta que, ao contrário de trabalhadores do sexo masculino, costuma ser submetida a “testes e pressão” dos empregadores ao entrar em uma nova empresa. “O encarregado faz testes para ver se sei realizar todas as funções, mas graças a Deus dou conta”.

Mesmo com os testes e provocações, a pedreira fica aliviada ao perceber que, depois de um período, se torna amiga de outros funcionários e os preconceitos ficam “para trás”.

Obras no currículo são motivo de orgulho

Com o tempo, veio também a confiança, o orgulho e o sentimento de importância ao trabalhar nos canteiros de obras públicas importantes na Serra.

Complexo Viário Eldes Scherrer de Souza, Binário da Serra e Orla de Jacaraípe: obras que Jeorgia Silete ajudou a construir. Foto: Montagem/ Folha Vitória

É muito bom, a gente se sente importante por participar. Já atuei em obras como: a revitalização da Orla de Jacaraípe, a Rotatória do Ó, em São Domingos, praça de Feu Rosa e Binário da Serra”, descreve.

No Dia Internacional da Mulher, Jeorgia levanta a cabeça com o sentimento de felicidade e satisfação por estar no meio de tantas mulheres que fazem a diferença na sociedade.

No caso dela, com uma marca nas obras necessárias para a melhoria da mobilidade urbana na cidade, bem como para valorização do turismo.

Com doçura na voz e força nos braços, a pedreira deixa um recado para outras mulheres que possuem o desejo de entrar no mercado da construção civil.

Vão com força e garra! Vamos ter coragem de enfrentar os desafios, pois a nossa força é maior que o nosso querer e não podemos desistir dos objetivos.

Repórter do Folha Vitória, Maria Clara de Mello Leitão
Maria Clara Leitão Produtora Web
Produtora Web
Formada em jornalismo pelo Centro Universitário Faesa e, desde 2022, atua no jornal online Folha Vitória