Nos anos 1960, o Cinema Novo queria ser revolucionário. Colocava o povo na tela, mas o público desertava das salas. Foi nesse quadro que, em abril/maio de 1967, Todas as Mulheres do Mundo, o filme, estreou nos cinemas. Nascido no Rio, Domingos Oliveira não era do grupo de cinemanovistas. Era jovem, vinha do teatro e da TV. O filme era sua declaração de amor à ex-mulher, Leila Diniz.
Paulo José é Paulo. Troca de mulher a toda hora – até conhecer Maria Alice/Leila Diniz. Ela vira a mulher de sua vida. O público amou, a crítica gostou, mas também alfinetou.
No Brasil, que resistia à ditadura, Domingos seria alienado. Um pequeno-burguês, girando em torno do próprio umbigo, em busca do (seu) amor e da felicidade.
Domingos mudou (um pouco). Fez o amargo Edu, Coração de Ouro, o duro (contra a classe média) A Culpa. Tropeçou com É Simonal. Por muitos anos militou na TV e no teatro. É dele, por exemplo, a série Confissões de Adolescente. Ressurgiu com uma proposta de cinema autoral e barato – Amores, Separações, Feminices, etc. Cavou seu nicho, ganhou diversos prêmios.
Afeto, delicadeza eram suas marcas. Tinha alma de filósofo numa mídia popular. Era, naturalmente, um grande frasista. “Se tiver de amar, ame hoje. Se tiver de sorrir, sorria hoje.”
O cineasta gaúcho Jorge Furtado o tinha na conta de mestre. Começou a formatar Todas as Mulheres do Mundo como minissérie com o próprio Domingos, mas ele morreu em março de 2019, aos 82 anos.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.