Moradores de periferias de Vitória tiveram suas histórias contadas por meio dos pincéis e da tinta de estudantes da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e alunos da Universidade de Wrexham, do País de Gales.
O projeto, chamado de “Formação de Líderes”, conta com seis painéis que serão inaugurados na próxima quarta-feira (12), e é coordenado pelos professores José Cirilo e Heliana Pacheco.
A intervenção acontece em duas paredes próximas à cantina do Centro de Artes da Universidade. São cerca de 55 alunos participando da atividade. Duas turmas do curso de graduação em Design, além de cinco intercambistas galeses.
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Apesar disso, Cirilo afirma que alunos de mestrado e doutorado também são bem-vindos na atividade. Inclusive, alguns deles participaram de sessões de preenchimento dos desenhos na tarde desta quinta-feira (6).
Cirilo afirma que a ideia do projeto partiu de Heliana, que morou por cerca de 8 anos no país de Gales e lá teve contato com a cultura britânica, o que traz um contraponto interessante à vivência capixaba.
Veja algumas imagens:
“Esse projeto surgiu a partiu da vivência da professora Heliana no País de Gales, onde morou por 8 anos. Ela conheceu toda a estrutura do país enquanto dava aula em uma universidade de lá. Quando ela voltou, quiseram que ela continuasse envolvida com a universidade. Ela deu início a este projeto com mais cinco alunos para compartilhar um pouco desta experiência do design social”, informa.
O professor explica que o design social é uma forma de trabalhar a arte de forma a ouvir a comunidade, com suas características, não apenas para ela, mas junto dela. A intenção, segundo ele, é estabelecer um intercâmbio de culturas.
O País de Gales, assim como comunidades de periferia brasileiras e capixabas, tem uma história de resistência no Reino Unido. Apesar de ter o inglês como língua oficial, no país também é falada a língua nativa, o “welsh”. A palavra, inclusive, significa “galês” em português.
“O País de Gales tem feito um investimento internacional no sentido de trazer à evidência culturas que podem ser apagadas por sistemas de dominação cultural, e isso aproximou do trabalho que a gente faz no Espírito Santo no nosso programa de pós-graduação, que é o desenvolvimento regional”, explica Cirilo.
Nos desenhos fica a explícita a troca de culturas entre os alunos dos dois países, por exemplo, há um pórtico que passa por finalização que une um elemento arquitetônico de uma igreja do Espírito Santo em sua cúpula e uma colunata galesa. Nesta junção, há espaço inclusive para os animais.
“Há outra representação que são dois cães, que são elementos importantes das duas culturas. Só que lá é um cão pastor de ovelhas e aqui é um cachorro caramelo, esta brincadeira que a gente tem no nosso país, que tem um pouco deste hibridismo, esta mestiçagem que nós somos”.
Apesar do elemento lúdico, uma coisa não ficou esquecida no trabalho: a realidade. O professor explica que pessoas da comunidade foram ouvidas para compor as obras.
Portanto, as representações humanas expostas nas artes são feitas a partir de pessoas reais.
“São pessoas que têm histórias de superação, como por exemplo um fisiculturista que quando jovem teve grande parte do corpo queimada e ao invés de se esconder atrás do sofrimento, tem uma história de superação. Essas pessoas são um exemplo de resistência em suas próprias comunidades”, disse.