Amizade verdadeira! Passagrana chegou aos cinemas na quinta-feira, dia 19, contando a história de quatro amigos, Zoinhu, interpretado por Wesley Guimarães, Linguinha, vivido por Juan Queiroz, Alãodelom, personagem de Wenry Bueno, e Mãodeló, performado por Elzio Vieira, que se conhecem desde criança e, com pouco dinheiro, vivem de pequenos golpes, assaltos e truques para ganhar uns trocados para comprar o pão de cada dia.
A sintonia do elenco fica clara no longa, mas os atores revelam que criaram também uma amizade muito forte fora das telas. Isso aconteceu porque, antes das gravações, eles moraram juntos por um tempo para se prepararem e desenvolverem uma conexão necessária para a história da produção. No entanto, eles contam que essa relação de irmandade extrapolou as telas.
Ravel Cabral, diretor do filme, diz que logo de cara eles perceberam que gerar essa conexão era um desafio de criar, não só quatro personagens, mas essa intimidade e conexão entre eles, essa sensação de uma amizade que vem de muitos anos. E foi a partir desse problema que ele deu a ideia deles morarem juntos:
– Eu tive uma ideia, uma proposta de preparação mesmo, que ao invés de a gente fazer apenas ensaios, eu propus assim: Vamos pôr eles para morar juntos. E durante um mês antes das filmagens, eles moraram juntos. Porque durante essas horinhas de que não estão fazendo nada, é aí que você começa a criar essa camada sensível, refinada da amizade.
Wesley, que vive Zoinhu, o líder do quarteto unido pelo crime, abre o coração sobre a amizade criada entre eles:
– Essa relação que a gente criou, esse encontro, a gente costuma dizer que foi uma coisa rara preciosíssima para a gente. Se transformou em uma pérola que a gente coloca em uma redomazinha. A gente cuida, a gente tem cuidado, a gente se fala sempre, a gente já foi na casa do Juan… todo mundo saiu de São Paulo, a Giovanna [Grigio, que interpreta Joana no filme] também [foi], o Wenry saiu de Curitiba… foi todo mundo para Belo Horizonte ficar lá com o Juan, conhecer a família dele.
Para ele, a relação extrapolou o filme e isso é muito positivo, já que uma parte importante do enredo é a conexão entre o grupo:
– Essa relação extrapola o filme, não está só ali. Ali é um pedacinho que vocês veem e que é muito importante a gente ter esse retorno… é um feedback positivo para a gente, porque um grande triunfo desse filme é a relação deles quatro, é a forma que essa engrenagem funciona, mas não só para um, é como funcionam os quatro personagens juntos. E eu acho que isso foi muito bem desenhado a partir do momento que o Ravel propôs isso de a gente morar juntos, de a gente passar esse tempo juntos lá em uma parte do hotel, cada um no seu quartinho, mas como já foi dito, os caras viviam indo lá para o meu quarto e a gente ficava ali batendo texto e conversando sobre os personagens e fazendo cenas.
O ator também conta que foi um trabalho muito prazeroso para eles e que isso facilitou na conexão. Além disso, fala que levarão a amizade para o resto da vida:
– A gente saía para jantar e voltava às vezes na rua batendo cena. Enfim, foi um trabalho tão prazeroso que a gente não desligava, a gente estava ligado o tempo todo nesses quatro personagens e tudo que a gente fazia era relacionado a isso. A gente teve uma imersão muito grande e essa imersão proporcionou a gente a ter esse sentimento, a ter amigos novos em 2024. E temos mesmo, temos amigos, temos pessoas que a gente vai levar para o coração com certeza para o resto da vida.
Wenry, que interpreta Alãodelom, ressalta que eles faziam tudo juntos e relembra um momento importante no qual ele saíram juntos, contando, ainda, que quer envelhecer ao lado deles!
– Uma curiosidade legal também é que a gente fazia tudo juntos, então a gente ia no mercado [ou] alguma coisa [e falávamos]: Vamos aí que a gente está saindo. A gente entrou em uma loja uma vez e a vendedora começou a conversar com a gente e a gente já desenrolava um papo, daqui a pouco tinha três, quatro pessoas juntas ali e a gente desenrolando o papo. Tem uma hora em que ela parou e falou: Vocês são uma banda? E a gente falou: Somos uma banda. Então isso já estava imbuído, a gente já tinha criado esse laço, e é muito bonito, é muito gratificante ver que isso está no filme, que é o eixo daquilo. É como o Wesley falou, e é difícil conseguir isso. Acho que isso é um mérito muito legal do Ravel, como diretor, e a própria Intro [produtora do filme] também dá esse espaço para a gente, de colocar a gente ali nessa convivência, nesse espaço do hotel, e a gente poder viver junto. E eu quero ficar velhinho com esses caras aí.
Ele também brinca que o pai de Juan, que vive Linguinha, virou o pai de todo mundo, e o ator responde indignado sobre a relação que os amigos criaram com a família dele:
– Eu acho que é uma coisa impressionante! Vieram para cá e agora fizeram amizade com a minha família… O Wesley está combinando – porque eu queria fazer uma festa e eles não me passam a agenda nunca: Ai, não sei quando é que eu vou… Agora, o Wesley conversando com o meu pai no telefone já está combinando de vir aqui assistir o jogo do Bahia contra o Cruzeiro. É uma coisa que parece impressionante. Eu fui descobrir pelo meu pai isso, porque nem foi o Wesley que me falou. Fui para o meu pai e ele: O Weslão está combinando de vir aqui assistir o jogo do Bahia. Eu falei: Como assim, véi? É isso que acontece…
O elenco também conta que é muito parecido com os personagens e Wesley diz que se identificava muito com a liderança do Zoinhu, e que, além da conexão, a dinâmica da amizade entre eles é muito parecida com a do filme:
– A gente acabou até misturando uma coisa ou outra com a nossa vida real, o processo ali. Essa questão da liderança comigo é muito presente. Eu sou uma pessoa que me coloco nesse lugar em diversas situações, em diversos espaços. E o Zoinhu me permitiu viver isso até com mais intensidade, sem julgar. E isso foi muito, muito interessante para mim, para o ator, de poder explorar essa parte de mim. Para além dessa semelhança do personagem, existe uma semelhança na relação também. A gente criou essa relação, todos nós, juntos, na preparação, durante todo o processo… Eu falo dessas coisas de preparação, de ensaio e da nossa vivência também no lugar que a gente morou juntos…
Wenry finaliza falando como é legal criar esse laço que eles possuem, e que assim como um belo grupo de amigos, eles também têm códigos entre eles:
– É muito legal perceber como a gente realmente criou esse laço de verdade. A gente se olha e sabe, cria os códigos entre a gente.