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Ao estrear filme sobre Silvio Santos, Rodrigo Faro se emociona e revela seu maior desejo: - Perguntar para ele: E aí, gostou?

Rodrigo Faro está feliz da vida e bastante ansioso com a estreia de seu novo trabalho, o filme Silvio, que chega aos cinemas no dia 12 de setembro e conta a história do icônico apresentador que nos deixou no dia 17 de agosto em decorrência de uma broncopneumonia agravada pela H1N1. Nesta quarta-feira, dia 4, em coletiva de imprensa, Faro falou emocionado sobre a produção e contou como resolveu interpretar o Dono do Baú, uma decisão difícil e que só veio depois da aprovação do próprio Silvio.

– Eu gosto de desafio, eu sou maluco. Mas, acima de tudo, porque ele deu permissão, contou ele ao falar o que o motivou a agarrar o desafio com tanto fervor.

Para chegar nisso, no entanto, ele passou por algumas etapas de reflexão sobre o papel:

– Eu não ia fazer o filme porque eu fui recebido com muito carinho pelas pessoas como comunicador há muitos anos desde que eu, entre aspas, havia deixado a minha carreira de ator e iniciado esse trabalho de apresentador. São 15 anos já. Inicialmente, quando fizeram o convite, eu realmente pensei: Não dá para aceitar porque é muito difícil. É muito difícil. É muito complicado fazer esse papel. Daí eu cheguei em casa e falei [para a sua esposa, Vera Viel]: Amor, me chamaram para fazer o Silvio Santos no cinema. E ela falou: Nossa. E aí? E eu falei: E aí que eu vou continuar apresentando o meu programa e está tudo certo. E ela falou assim: Mas ele gosta tanto de você. Poxa, você teve agora com ele no Troféu Imprensa e tal, ele sempre te recebe, tem os seus vídeos, tudo o que vocês fazem juntos viraliza. Por que você não fala com ele? E eu falei: Imagina, você acha que ele vai me atender? Eu encontro com ele no palco do Troféu Imprensa, ele não vai me atender.

E Rodrigo continuou contando a história:

– Eu cheguei para o meu irmão: Me chamaram para fazer um filme do Silvio. Ele falou: Eita, não vai né? E eu falei: Não, é claro que não. Mas a Vera falou para mim que eu tenho que tentar falar com ele. E ele falou: É? E eu: É! E ele: Você quer falar com ele? E eu: Não sei. E ele: Vou mandar uma mensagem para a assessoria dele e ver o que acontece. No dia seguinte veio a resposta: O Silvio quer receber o Rodrigo no camarim. E eu falei: Eita! Eu só tinha encontrado com o Silvio no palco do Troféu Imprensa.

Ao chegar ao SBT, a história mudou:

– Eu cheguei lá literalmente com aquilo na mão. Nem wifi passava. Cheguei o camarim dele, ele estava assistindo Pantera Cor-de-Rosa, tinha acabado de comer um bifinho, e falou: A que devo a honra? Por que você veio aqui? E aí eu contei: Olha Silvio, eu fui chamado para fazer o filme… Daí contei para ele um pouquinho do filme e ele começou a perguntar e a falar da vida dele. Aqueles 30 minutos que eu fiquei lá foi o maior laboratório que eu fiz nesse filme todo, porque ele falava eu ficava assim [imita gestos de observação] cada detalhe. Detalhe da prosódia, a maneira que ele fala, as pontuações, a postura dele. E aí ele foi perguntando do filme, eu fui falando.

A conversa entre os dois rendeu, mas teve um detalhe bem característico de Silvio Santos:

– Ele começou a falar da vida dele. E perguntou: Mas vai ser desde a época que eu era camelô? E eu disse: É Silvio. Vai ter a cena do sequestro, momento difícil. E eu comecei a contar para ele e falei: Eu vim aqui porque eu só vou fazer o filme se o senhor gostar da ideia, se o senhor me permitir viver. Quem vai dizer se eu vou fazer o filme ou não é você, Silvio. Daí ele olhou para mim, a gente gravou um vídeo, ele falou que gostava da ideia, mas disse: A resposta final eu só vou dar para você no palco do programa. Eu quero que você participe do programa. E eu falei: Meu Deus, eu não pedi nem autorização para a Record e vou aparecer no palco com o Silvio.

A imaginação de Faro, nesse momento, foi nas alturas:

– Imagina se ele me chamar e falar: Não, não quero que você faça o filme [fala imitando a voz característica do Silvio Santos], ao vivo. Daí eu fiquei mais nervoso ainda. E o final dessa história vocês já sabem. Eu dei aquele relógio que fala para ele, fiquei quase 30 minutos no palco. No final, para a minha surpresa e a minha alegria, em um gesto de generosidade, de carinho e de respeito que ele sempre teve por mim e eu sempre tive por ele, ele fez aquela brincadeira e falou: Ter um filme que vai contar a minha vida é motivo de orgulho, eu sempre quis ter um filme para mostrar para os meus netos. E ao saber que eu vou ser interpretado por você, eu fico mais feliz ainda, é um ano novo de felicidade.

Foi essa interação que fez com que Rodrigo se sentisse bem para cair de cabeça no personagem tão importante na vida dos brasileiros:

– Saindo dali, aquilo me deu segurança. Eu falei: Bom, ele gosta da ideia. Então, se ele gosta da ideia, eu vou fazer essa homenagem para ele, eu vou fazer esse filme por ele e em vida. Cara, que legal! Vai ser um artista que vai ter a sua homenagem em vida!

E foi então que o apresentador se emocionou:

– Só que Deus não quis. Essa estreia já estava marcada desde o ano passado para 12 de setembro, e Deus quis escrever outra história. Então fica a homenagem para ele e ficam os momentos, o olhar dele para mim, sabe? Aquele olhar de empatia, o olhar de respeito. Ali ele não estava falando com o apresentador Rodrigo Faro, ali estava falando com aquele garotinho de oito anos que ia para a porta da Ataliba Leonel, no teatro, para vê-lo. E quando ele olha e me diz: Vai lá, vai ser bom! Eu estou feliz que eu vou ver! Ali eu me senti confortável e seguro para poder encarar esse desafio, que eu sabia que ia ser muito difícil.

Ainda com os olhos marejados, Rodrigo seguiu falando sobre a morte do apresentador e contou qual era o seu maior desejo com relação ao filme:

– Perguntar para ele: E aí, gostou?