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Após se envolver em polêmica no Carnaval, Alessandra Negrini se pronuncia: 'temos que nos apropriar, sim, da luta indígena'

Segundo a atriz, a líder e ativista indígena Sonia Guajajara apoiou a escolha da fantasia

Foto: Reprodução
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Alessandra Negrini sempre dá o que falar pelas fantasias que escolhe no Carnaval. E em 2020 não foi diferente, mas desta vez porque a atriz acabou se envolvendo na maior polêmica. 

Ao usar acessórios indígenas no desfile do bloco Acadêmicos do Baixo Augusta no último fim de semana em São Paulo, ela foi acusada de apropriação cultural e recebeu uma enxurrada de críticas – e algumas mensagens de apoio -, mas ainda não tinha falado abertamente sobre o assunto, apenas compartilhando em suas redes sociais um comunicado da APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) sobre o assunto.

“Estamos vivendo a maior ofensiva em séculos de nossa história. Essa semana está tramitando no Congresso uma MP que tenta regularizar a grilagem, o PL da Devastação quer impor a mineração e a exploração das terras indígenas, um evangélico missionário está em um posto estratégico da FUNAI e pode provocar a extinção de povos não contactados. São muitos os ataques. Não nos esqueçamos, o momento é grave e dramático, querem nos dizimar! Por isso, causa-nos indignação que uma aliada seja atacada por se juntar a nós em um protesto. Alessandra Negrini colocou seu corpo e sua voz a serviço de uma das causas mais urgentes. Fez uso de uma pintura feita por um artista indígena para visibilizar o nosso movimento. Sua construção foi cuidadosa e permanentemente dialógica, compreendendo que a luta indígena é coletiva. É preciso que façamos a discussão sobre apropriação cultural com responsabilidade, diferenciando quem quer se apropriar de fato das nossas culturas, ou ridiculariza-las, daqueles que colocam seu legado artístico e político à disposição da luta. Alessandra Negrini é ativista, além de artista, e faz parte do Movimento 342 Artes, que muito vem contribuindo com o movimento indígena. Esteve conosco em momentos fundamentais. Portanto, ela conta com o nosso respeito e agradecimento. E assim será, sempre quem estiver ao nosso lado.”

Agora, a atriz quebrou o silêncio sobre o caso em entrevista à colunista Monica Bergamo.

“A gente tem que repensar isso. Os indígenas estão sendo mortos, são vítimas de um genocídio. E estão falando da minha fantasia, de apropriação cultural? É ridículo”, começou ela.

Segundo a atriz, a líder e ativista indígena Sonia Guajajara apoiou a escolha da fantasia.

“A própria Sonia me disse que temos que ajudar a dar visibilidade ao que está ocorrendo [com os indígenas]. A gente tem que se apropriar, sim, da luta dos povos originários para se apropriar do nosso Brasil”, afirmou.

Alessandra conta, ainda, que no início pensou em usar uma roupa de Maria Bonita. Depois, optou pelos acessórios indígenas. Ela também afirma que consultou lideranças para saber se poderia haver algum problema.

“Eu sempre fui ligada neles. Estudei antropologia. Fiz peças, filmes [sobre o tema]. Não fui fantasiada de indígena. Fui com a minha roupa de rainha e fui pintada por eles”, justificou a atriz.