Entretenimento e Cultura

Barreiros encerra 1ª noite de desfiles mostrando a força do povo negro

A agremiação do bairro São Cristóvão fez uma abordagem diferente dos povos africanos no Brasil

Foto: Dyhego Salazar/Folha Vitória

Fechando a primeira noite de desfiles no Sambão do Povo, a Unidos de Barreiros, abordou a cultura negra passando longe de estereótipos. 

A escola de São Cristóvão entrou no Sambão do Povo com o dia raiando, às 6h06 deste sábado (11).

O enredo relembrou a trajetória dos povos africanos e sua influência na história do Brasil dando ênfase ao empoderamento da raça negra. 

Assim, não se viu na avenida referência a escravidão, navios negreiros ou sofrimento dos escravizados.

Ao contrário, a escola exaltou o rico passado das civilizações africanas que deram origem à história do mundo  já que a África é considerada o berço da humanidade.

Assim, foram lembrados os impérios do Antigo Egito e dos povos iorubás. 

As religiões de origem africana também fizeram parte dessa exaltação ao povo negro. Os orixás, os rituais do Candomblé, como o jogo de búzios, e as sacerdotisas dos terreiros estiveram presentes.

A bateria veio caracterizada do bloco Filhos de Gandhy e, em alguns momentos, mesclou samba com o ritmo do afoxé.

A Barreiros terminou o seu desfile com 54 minutos e 17 segundos, encerrando o primeiro dia de desfiles no Sambão às 7h da manhã.

Veja a letra do samba-enredo da Unidos de Barreiros para o Carnaval de Vitória 2023: “Sou Negro, Sou Raça, Sou Brasil! Eis A História de Nossos Ancestrais, os Filhos de Afra”.

Compositores: Yuri Freitas, João Machado e Felipe Viana.

Sou afro, sou raiz… comunidade
Aqui tem “semba” no pé, herança
Pulsante na veia o sangue vermelho
Meu orgulho é Barreiros

Envolta em espuma, oh, liberdade!
Fecunda do solo a criação
O azul-violeta reluz em tom de nobreza
Gigante civilização
Anjos forjados na dor
Deixam medrar cicatrizes
A noite cai e estampa a pele negra
Renasce o amor em meio a tristeza
Bradam os filhos da esperança rumo a paz
Guiados pela devoção, clareia
Clareia, clareia

Afra, patrono da raça
A luz do guerreiro, menino nagô
Fez da sua luta religião
Eternizada pela voz do coração

É Zimbo e Cauri, peço aos orixás
Destino traçado à beira do mar
Da União de Orúm e Ayê
Ecoam os tambores no Ilê
Partiram tumbeiros desbravando o mundo
Ví a negritude erguer nosso futuro
Riqueza de origem ancestral
Floresce colorindo a imensidão
África, de corpo e alma só gratidão

Veja a ordem dos desfiles do Grupo A nesta sexta-feira (10)
1ª – Imperatriz do Forte
2ª – Império de Fátima
3ª – Pega no Samba
4ª – Independentes de São Torquato
5ª – Chega Mais
6ª – Mocidade da Praia
7ª – Unidos de Barreiros

*Com a colaboração da estagiária Ana Paula Brito