Entretenimento e Cultura

Cantora Luísa Maita apresenta do seu projeto Tamoios

São Paulo – Nascida no bairro do Grajaú, em São Paulo, Luísa Maita tem diversas raízes paulistanas. Acostumada a ver o cotidiano do distrito, tinha, ainda, a influência da família do pai, que é da Bela Vista, e da mãe, do Jardim Europa. “Tive muito contato com escola de samba e estudei em colégio judaico… eu sempre tive essa conversa na minha cabeça, esses dois tipos de vida”, diz. É desta amplitude de pensamento, aliada à paixão da cantora e compositora pela música eletrônica, que nasce Tamoios, projeto que apresenta parcialmente – com três faixas – em show nesta sexta-feira, 09, na Serralheria.

Desde seu primeiro disco, Lero-Lero, lançado em 2010, Luísa já mostrava um flerte com o estilo musical. “Gosto muito de entender o espírito do tempo em que a gente está, a internet, a urbanidade. E o eletrônico tem a ver com isso”, explica, acrescentando que a ideia, agora, é descobrir como soaria a estética eletrônica abrasileirada.

Para tal, ela recorreu ao seu produtor musical Tejo Damasceno, que fez um remix de seis faixas de Lero-Lero, lançando o disco Maita Remixed pela gravadora Cumbancha, dos EUA, no mesmo ano. A conversa, que ocorreu em 2012, acabou rendendo três novas músicas, mas o repertório fugia do estilo world music exigido pela gravadora. A solução foi a entrada de Daniel Hunt, produtor musical fundador da banda inglesa Ladytron. “Atualmente, ele é o cara do eletrônico. Toca nos maiores festivais internacionais com a banda”, afirma, empolgada. No total, o álbum que ainda não tem nome e deve ser lançado no segundo semestre, traz dez faixas, todas compostas por Luísa, que atualmente trabalha na última canção.

As novas composições são bem diferentes das letras que integram Lero-Lero. Idealizado em 2005, o primeiro disco é fruto das observações da cantora, colocando-a como uma repórter do cotidiano da periferia paulistana e de seus personagens. Esta verve fica bem óbvia em canções como Alento (Acordo cedo, com o pé no freio e o mundo inteiro começa a girar / (…) Carteira, chave no bolso, tá carregando o meu celular / (…) Eu tô na vida é pra virar, que a felicidade vem, eu tô sonhando mais além) e Mire e Veja (Pedalando minha bicicleta na cidade grande a vadiar / Revirando cada canto, esquina / Deus, é tudo cinza meu lugar).

Nove anos depois, a compositora se diz menos maniqueísta. “Venho de uma família que tem uma herança socialista muito forte, então eu tinha isso como uma preocupação. Mas, hoje, acho que cada ser humano é muito complexo, ninguém é A ou B: todo mundo tem um pouco de A e um pouco de B.” Entre as três novas músicas apresentadas no show de hoje, apenas Rappers tem, na letra, um tom mais social.

Apesar de ter sido reconhecida como artista revelação no Prêmio da Música Brasileira em 2011, Luísa tem mais visibilidade no exterior. Por aqui, não é tão conhecida como, por exemplo, suas contemporâneas Tulipa Ruiz e Mariana Aydar. Ela credita este fenômeno – que também foi visto com as cantoras Cibelle e Céu, que estouraram lá fora antes de serem ouvidas no Brasil – ao momento do País.

“Quando finalizei o primeiro disco, em 2007, o eletrônico ainda era algo novo aqui. Mas, na demora para lançar, a estética já se tornou mais conhecida”, informa, alegando uma ausência de novidade. Sobre o reconhecimento no exterior – com direito a elogios da crítica internacional -, ela comenta que apresentou um Brasil musical diferente daquele que já se conhece, com o som de Tom Jobim, Baden Powell e João Gilberto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.