Recife – A despedida do escritor e dramaturgo paraibano Ariano Suassuna, que morreu na noite desta quarta-feira, 23, aos 87 anos, teve um misto de dor e de festa, em clima de serenidade e com a participação dos folguedos populares da cultura pernambucana e nordestina que ele tanto defendeu.
No enterro, que ocorreu no final desta tarde no cemitério Morada da Paz, município metropolitano de Paulista, uma das netas de Ariano, Germana, se despediu contando que no ano passado, quando Ariano se recuperou de um enfarte e de um aneurisma, encontrou um popular na saída do hospital que abriu os braços e disse: “Ariano, graças a Deus. E agora?” Germana disse então que neste momento só poderia dizer “Graças a Deus”.
“Ele foi um cometa raro para a cultura brasileira”, resumiu o diretor Luiz Fernando Carvalho, ao destacar que Ariano conseguiu juntar os folguedos populares com a mais alta cultura. “Com Ariano não há hierarquia entre cavalo marinho e Mozart”, afirmou. Carvalho já adaptou, para a televisão, as obras de Ariano “Pedra do Reino”, “Mulher Vestida de Sol” e “A Farsa da Boa Preguiça”. Em 2015, ele disse que irá adaptar “O amor de Fernando e Isaura”, uma espécie de Romeu e Julieta sertanejo.
Morte do Escritor
O escritor e dramaturgo paraibano Ariano Suassuna morreu na tarde da última quarta-feira (23), como resultado do agravamento de seu estado de saúde, após ter sofrido um AVC hemorrágico na segunda-feira (21) e ter sido submetido a cirurgia para colocação de dois drenos para controlar a pressão intracraniana. Ele estava internado na UTI Neurológica do Real Hospital Português, no Recife.
Dilma lamenta morte de Ariano Suassuna
A presidente Dilma Rousseff divulgou nota de pesar lamentando a morte do escritor Ariano Suassuna, aos 87 anos, depois de sofrer um AVC. “O Brasil perdeu hoje uma grande referência cultural. Escritor, dramaturgo e poeta, Ariano Suassuna foi capaz de traduzir a alma, a tradição e as contradições nordestinas em livros como Auto da Compadecida e Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta. A obra de Suassuna é essencial para a compreensão do Brasil”, afirmou a presidente.
ABL perde três membros em 20 dias
Os integrantes da Academia Brasileira de Letras receberam a notícia da morte do escritor e dramaturgo Ariano Suassuna, de 87 anos, durante a sessão desta quarta-feira (23), quando homenageavam o também acadêmico João Ubaldo Ribeiro, que morreu na última sexta-feira (18). Eles ficaram muito abalados, pois perderam três membros em 20 dias – o poeta Ivan Junqueira morreu no dia 3.