Nos 470 anos de Vitória, é possível descobrir facetas escondidas da capital por meio de passeios que destacam história, natureza e, por que não, um incentivo à vida saudável.
O Folha Vitória elencou opções que não ficam restritas apenas no aniversário da Cidade Presépio em 8 de setembro mas para o ano inteiro. Contou com a ajuda do criador de conteúdo Matheus Simão, 24 anos, morador de Jardim Camburi, na zona norte da capital.
Ele é autor do perfil no Instagram @oquefazervitoria que traz dicas culturais, de lazer e gastronômicas, curiosidades históricas focando a região da Grande Vitória. O perfil criado em 2018 conta, hoje, com 34 mil seguidores. As atualizações com novas postagens são feitas de quinta-feira a domingo.
“Quando morei fora do Espírito Santo, fazendo faculdade em Minas Gerais, as pessoas perguntavam sobre atrações do Estado e da minha cidade. Eu tinha dificuldades de encontrar as informações, elas estavam espalhadas. Ao voltar, pensei em contribuir mostrando o que o Espírito Santo tem de melhor com foco na região metropolitana”, explicou o universitário que faz faculdade de Psicologia.
Ele diz que a capital do Espírito Santo pode ser aproveitada a partir de três aspectos: seja pela seus monumentos históricos, pela suas belezas naturais e também pela estrutura de seus parques e praças. Seja qual for a temática, a cidade é um convite irresistível para um bom bate-perna por aí. “Mas mantendo o cuidado de uso de máscara e evitando aglomerações por causa da pandemia”, relembra.
Para Simão, os capixabas terminaram por “redescobrir” o próprio Estado com as restrições de viagens para fora do Espírito Santo, devido à pandemia. “O setor de turismo foi duramente impactado e eles tiveram que se reinventar e começaram a investir mais em divulgação e alcance do público interno, focando nos próprios capixabas. Isso foi muito bom para que a gente prestasse atenção ao que é nosso”, explicou.
Para o blogueiro, quem gosta de viajar além das divisas capixabas teve que se adaptar aquele turismo de destinos de distâncias curtas (o famoso bate-volta) e também a aqueles programas de descobrir a própria cidade em que mora. “E os serviços se voltaram para este público”, aponta.
Caso dos passeios de redescoberta da capital. Confira as dicas:
Vitória histórica
Vitória possui lembranças do Brasil Colônia. Num passeio pela região central, onde a cidade começou, é possível viajar pelos seus quatro séculos de história e testemunhar as mudanças da capital.
A maior parte dos destaques desse passeio é formado por igrejas e capelas. Para acessá-las, o percurso vai passar pelas escadarias que chegam até a chamada Cidade Alta, entre elas a Escadaria São Diogo (saindo da praça Costa Pereira) e a Escadaria Maria Ortiz (na altura da Praça Oito). Essa última leva o nome da heroína Maria Ortiz, moça de 21 anos que comandou uma resistência popular à invasão dos holandeses em março de 1625. Ela incentivou os moradores que viviam na ladeira, onde seria construída a escadaria, a retardar o avanço dos soldados estrangeiros, jogando pedras, dejetos, água fervente em cima deles.
Subindo as escadarias chega-se, então, à Cidade Alta. Nela estão a Capela de Santa Luzia (a mais antiga construção de Vitória, fundada no século XVI, era a capela da antiga fazenda que deu origem à cidade), a Catedral Metropolitana (estilo neogótico, iniciada em 1920 e concluída em 1970), Igreja de Nossa Senhora do Rosário (construída em 1767), Igreja de São Gonçalo (construída em 1766), Convento e Igreja de Nossa Senhora do Carmo (construído em 1682). O Palácio Anchieta, hoje sede do governo estadual, também começou como igreja em 1551.
“O Centro deu uma levantada de um tempo para cá. Vai muito por causa dos moradores de lá que são apaixonados pelo bairro como um novo perfil de pessoas que foram viver lá como artistas, intelectuais e estudiosos. Essa turma deu uma cara para o centro que realmente deixa o lugar diferente, aconchegante, cult e também boêmio”, aponta Simão.
Além dos monumentos históricos, há uma rede de museus como a Casa Porto das Artes Plásticas, o Museu Capixaba do Negro e o Museu de Artes Plásticas do Espírito Santo.
“Esses monumentos e lugares convivem muito bem com um cenário cheio de bares, restaurantes e cafés como o restaurante Oca, o Bar da Zilda, a Casa de Bamba e o Grapino, esses últimos na rua Sete. Enfim, o Centro é cultura e de lugares de diversão com muita personalidade”, define.
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Vitória dos manguezais
Pouca gente sabe mas Vitória tem o maior manguezal preservado em área urbana no Brasil e um dos maiores do mundo. São 11 quilômetros quadrados que circundam grande parte da ilha, do bairro Santo Antônio até o bairro Jabour.
Apontados pelos biólogos como o “berçário do mar”, pois ali é ambiente de reprodução de várias espécies de peixes, crustáceos e outros animais marinhos, o manguezal também é fonte de sustento para comunidades de pescadores, coletores de sururu, desfiadeiras de siri (na Ilha das Caieiras) e até das paneleiras de Goiabeiras (a casca das árvores que crescem no manguezal fornecem o tanino, a tinta que dá cor à tradicional panela de barro).
Além disso, a mistura de água salgada com sedimentos vindos dos rios transfere matéria orgânica para a manutenção da cadeia alimentar da costa.
No roteiro “Volta da Ilha de Vitória”, feito pela empresa de passeios turísticos Capitão Grilo (@capitaogriloes), é possível conhecer esse local pouco explorado por viajantes, turistas e moradores. O passeio, feito numa lancha, dura cinco horas.
O embarque é feito no píer da colônia de Pescadores na Enseada do Suá e também na Prainha em Vila Velha. A volta passa pela Terceira Ponte, Curva da Jurema, Pier de Iemanjá, Canal de Camburi, Manguezal de Vitória, Canal dos Escravos, Ilha das Caieiras, Santo Antônio, Segunda Ponte, Museu Vale, Penedo, Porto. É feita parada para banho numa praia secreta de Vitória e também para almoço na Ilha das Caieiras.
No manguezal, um dos destaques é o Canal dos Escravos, próximo à unidade de conservação da Ilha do Lameirão, na foz do rio Santa Maria da Vitória. “Esse é um canal artificial. Foi aberto pelos escravizados de uma antiga fazenda de cana-de-açúcar na Serra, onde hoje é área de um condomínio residencial de luxo. Pois bem, o dono da fazenda abriu esse canal para que tivesse acesso ao rio Santa Maria e pudesse escoar a sua produção de açúcar”, aponta Simão.
O tempo passou e hoje o canal é utilizado pelos moradores do condomínio como atalho para o canal de Vitória. “É comum eles passarem por ali, saindo no manguezal, pilotando jet skis e lanchas”, destaca.
Serviço:
Volta da Ilha de Vitória
Saídas: 11/09, 26/09 e 03/10. Embarque às 9h no pier dos pescadores da praia do Suá e na Prainha de Vila Velha.
Valor: R$ 110 (por pessoa).
Informações: (27) 9 9833-5447
Vitória dos parques
Vitória é uma cidade para ser curtida ao ar livre. Prova disso são seus inúmeros parques e praças. Matheus Simão diz que a dica para aproveitar ao máximo é não ter preguiça, sair do sedentarismo e pegar uma bicicleta. Ele destacou os parques e praças que ficam neste trajeto, saindo da Ilha do Príncipe até Jardim Camburi, seguindo a beira-mar.
“A ciclofaixa que é disponibilizada aos domingos é ótima para fazer esse roteiro. Saindo a rodovi´´aria, na zona sul, passando pelo Centro, você já pode parar ali no Parque Moscoso, fundado em 1912. Além de um ponto verde é um local que está na memória afetiva das pessoas já que muita gente ia ali aos domingos com os pais quando era criança”, aponta.
A ciclofaixa segue passando pela beira-mar, margeando calçadões onde dividem quem gosta de fazer caminhada e corrida. Praça Getúlio Vargas com vista para o Penedo.
Alguns quilômetros a frente e se passa na Praça do Papa, depois da Ilha de Monte Belo. Dali se tem a vista para o Convento da Penha e também futuro Cais das Artes. Também na Praça do Papa fica o Centro de Visitantes Tamar Vitória, do Projeto Tamar. Nele, é possível conhecer o ciclo de vida das tartarugas marinhas e a luta por sua preservação.
O passeio segue rumo a Jardim Camburi chegando na Curva da Jurema, Praça dos Desejos e Praça dos Namorados.
O calçadão da Praia de Camburi é o último percurso antes de chegar ao parque mais recente inaugurado na capital: o Atlântica Parque. Se ainda tiver fôlego depois da pedalada, dá para aproveitar as inúmeras opções de lazer ao ar livre para toda a família que inclui campo de futebol de grama sintética, pista de bicicross, pista de skate, playgrounds, pracão, deques, mirante de contemplação, espaço para musculação e ginástica funcional, pergolados, jardins e bancos.