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Diretor de Escrava Mãe explica mudança na data de estreia da trama, que tem capítulos de 350 mil reais

O novo sucesso da Record, Escrava Mãe, realmente promete. Com aproximadamente 140 capítulos, a produção custou em média, para a emissora, 350 mil reais por capítulo. Poderosos, não é mesmo?

A trama vai contar a história de nada mais, nada menos, que a mãe da escrava Isaura, Juliana, interpretada por Gabriela Moreyra, e um dos grandes momentos da personagem será sua paixão arrebatadora pelo português Miguel, vivido por Pedro Carvalho. Desde sua encomenda, a novela foi pensada de uma maneira diferente pela emissora.

Isso porque ela foi feita totalmente fechada, ou seja: antes mesmo de ir ao ar, todos os capítulos já estão prontos. Mas tudo acabou gerando diversas polêmicas no quesito data para a estreia.

Durante a coletiva de imprensa que aconteceu na sexta-feira, dia 20, os diretores da trama esclareceram os motivos para o adiamento da novela e assumiram que um deles foi o sucesso de Totalmente Demais, trama do horário das sete da Globo, que seria concorrente direto deles. O autor de Escrava Mãe, Gustavo Reiz, também comentou um pouco mais sobre o trabalho dizendo:

– É uma novela que dá muito orgulho, todos nós estamos muito orgulhosos dessa novela, primeiro porque escrever a vida de um personagem tão famoso, que é a escrava Isaura, clássicos da teledramaturgia com Isaura, Leôncio, já é um prazer enorme. E fazer embasamento histórico dessa história é muito gostoso, foi muito interessante para gente.

E garantiu que é um projeto completamente inovador:

– Muito já se falou sobre escravidão e nós procuramos abordar de uma forma muito sensível e muito profunda, não abordando de maneira sensacionalista, valorizando os castigos e as torturas. É claro que tudo isso está na trama, porque isso fazia parte da realidade, a gente não suavizou, não aliviou nada, a questão é que a gente valorizou, na verdade, o sentimento daquelas pessoas que viviam nessa posição, pessoas que viviam como escravos, não são escravos, são pessoas, com suas histórias, com seus medos, suas esperanças, são histórias bonitas de esperança, amizade, amor. Procuramos abordar de uma forma bem profunda, bem sensível, temos sim vilões cruéis, mas mostrando isso sempre contextualizando, existe todo um contexto histórico, porque a Maria Isabel (personagem de Thais Fersoza) era assim, como era a sociedade que ela cresceu, quais eram esses valores dela.

E o fato da trama já está toda pronta para ele deu uma agilidade maior para a trama:

– Um narrativa ágil, como a novela é fechada, a encomenda foi assim e desde sempre foi assim, nós procuramos nos armar de algumas formas e uma dessas formas é justamente colocar muita trama, apostar em todo mundo, então nós temos muitas tramas que se desenvolvem e que se resolvem no próprio capítulo, então são histórias que se sucedem no todo e, claro, com uma história central muito forte, um amor arrebatador entre um jovem estrangeiro, um português, que veio em busca não de vingança, mas de justiça, que ele fala do mistério sobre a morte dos pais dele e ele se apaixonada justamente por uma escrava, a Juliana, e a vingança se aquilo era o motor dele a partir do momento que ele conhece a Juliana o amor vai ser o guia dele e, claro, que ele vai se deparar com a realidade terrível da escravidão, que é aonde eu desenrolo essa história.

Já o diretor geral, Ivan Zettel, falou um pouco das novidades técnicas que a nova novela trás, além das filmagens em resolução 4k, também firmou a parceria da Record com a produtora Casablanca, além disso deve uma quantidade gigante de externas:

– A gente bancou uma loucura dentro da novela que é a quantidade de externa, a gente foi para uma fazenda, ocupou aquela fazenda, tomou conta do espaço e a gente teve uma coisa que foi muito complicada, que foi muito difícil para todo mundo, além da gente estar iniciando uma parceria, primeira parceria Record e uma produtora, além disso a gente optou em ir para fora das nossas casas, então isso foi um agravante, um dificultador para todo mundo, a gente passou mais de um ano fora de nossas casas.

E completou:

– O resumo dessa novela, o que acho que fica de mais importante, foi a capacidade que a gente teve como profissionais de se unir em momentos, que eram momentos difíceis, atravessar desafios de uma forma muito unida, muito parceira e isso começa a imprimir no vídeo, isso começa a fazer a diferença no vídeo. É importante dizer que a gente mesclou gente que estava acostumado a fazer novela, com gente que estava na sua primeira, segunda novela, a gente teve um trabalho de fotografia e pesquisa de primeira linha de ponta, cenografia é uma cenografia que vocês não estão acostumados a ver nas novelas de uma forma geral, mesma coisa com figurino. A gente tem toda a equipe de direção, de produção, na verdade foi um desafio, a gente teve uma parte baseada em Campinas, uma parte baseada em Paulinea, uma parte em Santa Gertrudes, então eram deslocamentos grandes, desgastes para cumprir esses roteiros dentro da meta. E eu tinha feito uma promessa para Arlete, você vai ter a novela mais bonita que a Casablanca já teve.

O diretor ainda fez um paralelo da novela, com todas as dificuldades que o Brasil está passando na atualidade:

– Além de ter toda a coisa da dramaturgia, que é com comédia, com ação, com aventura, a gente aborda num momento muito especial do nosso país um assunto que a gente tenta deixar de lado, até o dia de hoje a gente não consegue entender, que é a questão o negro nesse país, que é a questão da escravidão, que é o que a gente paga até hoje, num tipo de cultura extrativista, que dá origem ao que a gente vive hoje em dia, então é além de todo o entretenimento é entender que tipo de brasileiro somos nós, português, índios, negros, que se juntaram e construíram a nossa terra…Independente dos números saí todo mundo de cabeça erguida, muito feliz com o resultado.

Quem também estará na novela é Milena Toscano. A bela vai viver Filipa, a filha mais nova do Coronel Quintiliano, personagem de Luiz Guilherme. Em entrevista, ela falou um pouco mais sobre a personagem:

– É uma mulher muito justiceira, ela é muito forte e graças a ela, mulheres como ela naquela época a gente tem essa liberdade que temos hoje. Ela é super feminista, ela é super abolicionista, ela é justiceira, ela não se cala diante de uma injustiça, de um preconceito, ela tem os escravos como melhores amigos, como família, ela quer trabalhar, quer sair à noite, quer saber o que acontece nesse mundo, quer descobrir o mundo cada vez mais e ela é linda. É uma personagem doce, ao mesmo tempo forte, que não tem medo de enfrentar o que quer se seja, nem o pai, que naquela época era um coronel muito severo, coronel muito bravo, super escravocrata.

E, claro, que uma personagem como essa não ia demorar para encontrar um amor à altura. A bela contou como será esse envolvimento e o que a personagem tem em comum com ela:

– Filipa se apaixonada por um escritor revolucionário, que é o Atila, personagem do Léo Rosa, e aí ela vai aprontar muita coisa. Ela é meio moleca que nem eu, eu acho que a Felipa só é a Felipa porque sou eu que fiz, claro que se fosse outra atriz que fizesse ela seria outra Felipa. Acho que a gente dá muito dá gente para os personagens, mas também segue aprendendo muita coisa.