Autor de bordões que popularizaram no Brasil, dono das buzinas mais estridentes, ídolo de diversas gerações. Abelardo Barbosa, o eterno Chacrinha, era tudo isso e muito mais. Não por acaso, mesmo após 30 anos de sua morte — completados neste sábado (30) —, ele é lembrado com carinho por aqueles que o assistiam.
Precursor na televisão brasileira, Chacrinha deixou um legado que inspira muitos comunicadores da atualidade. Rodrigo Faro é um deles. O apresentador da RecordTV conta que quando era criança brincava de imitá-lo.
— Eu me lembro muito do Chacrinha, ele é com certeza um dos meus grandes ídolos na televisão. Uma pessoa que assisti a vida inteira, eu me divertia demais. Ele se vestia em todo programa e eu achava isso o máximo, porque naquela época só ele fazia isso. Eu brincava e falava: “Poxa, será que um dia eu vou ter a chance também de me vestir assim que nem ele?”. Eu colocava as fantasias, brincava de jogar bacalhau, abacaxi, adorava aquela coisa de troféu abacaxi.
Faro afirma que tem o comunicador como uma grande referência para sua vida profissional.
— Ele foi montando um pouco, mesmo sem querer, da minha personalidade como apresentador, da minha maneira de apresentar. Acho que de tanto assistir Chacrinha, Silvio Santos, você vai pegando elementos que um dia às vezes você usa de maneira inconsciente, mas quando percebe, fala: “Caramba, ele fazia isso há tanto anos”. Então eu fico muito feliz de saber que as pessoas não esquecem do Chacrinha, que cada aniversário dele é comemorado… acho que o legado que ele deixa pra televisão é esse: um cara extremante popular, fantástico, que interagia com o público, falava com as pessoas como ninguém. Ele e o Silvio Santos são meus dois maiores ídolos na TV.
Doutor em ciências da comunicação pela ECA-USP, Claudino Mayer engrossa o coro de Faro e diz que o legado de Chacrinha passou de geração para geração.
— Ele está presente em vários apresentadores, um pouco do que o Rodrigo Faro faz, ele se diverte, dança, tem a criação dele, mas tem elementos do Chacrinha ali. A ingenuidade dele também passou pra Sabrina Sato. O Legendários, do Marcos Mion, era um programa do Chacrinha melhorado. O Faustão, quando fala com o público, era o que o Chacrinha fazia. Todos esses programas de certa maneira dialogam com o programa do Chacrinha. Eles podem não jogar bacalhau, abacaxi, mas “jogam” uma piada, fazem uma brincadeira. Com certeza o Chacrinha foi uma influência positiva.
Chacrinha nos anos 2000?
A irreverência e versatilidade do comunicador chamaram a atenção em uma época que a televisão tinha um modelo para ser seguido. Para Claudino, Chacrinha rompeu essas barreiras e abriu portas para novos nomes que surgiram ao longo dos anos.
— O Chacrinha foi um artista que veio do povo e falava com o povo. Ele era um interlocutor desse telespectador que tinha vontade de poder avaliar, quando ele recebia um calouro, por exemplo. Ele trouxe essa versatilidade na maneira como lidava com convidados para que os telespectadores conseguissem receber a mensagem que ele queria transmitir, seja cantando ou brincando. Ele também trabalhou elementos políticos, falava sobre política com o público. Acho que ele é muito atual, muito pertinente. A obra dele é atemporal.
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