Janeiro, tempo de calor e de festas, é mês de conscientização sobre a saúde mental e emocional, o Janeiro Branco, campanha mobilizada desde 2014.
Para os jovens, é tempo de conclusão de férias e de preparação para volta às aulas, demarcando o retorno à rotina e aos compromissos com os estudos.
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Saúde mental e o fim das distrações e diversões
Passadas as distrações e diversões, vem a responsabilidade e o compromisso com o próprio caminho para o que tiver de vir.
Nisso, entre os recortes e curvas da vida, entre mudanças psíquicas, fisiológicas e demandas sociais, alguns adolescentes sintomatizam com ansiedade, depressão.
E, ao extremo, chegam à automutilação e ao suicídio, terceira maior causa de morte entre adolescente de 15 a 19 anos, de acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).
Família, escola e sociedade: agentes ligados ao jovem
A saúde mental e seu agravamento precisa ser conversada entre os agentes ligados ao jovem, a começar pela família, expandindo para a escola e a sociedade. Não somente adultos, mas adolescentes e crianças também padecem mentalmente.
Diagnóstico e intervenção precoces romperão com a condição de adoecimento e inibirão que esse adolescente se identifique na vida adulta com o sintoma, arrastando-o para o futuro.
Em nosso modo de vida há hiperexcitação midiática de uma vida fantástica, a necessidade de consumo incessante, de tudo poder fazer, de ser feliz.
Isso confrontado com a realidade da vida que leva ao extremo os sentimentos da ânsia de ter e o tédio de possuir schopenhaueriana, de modo que o adolescente nem sempre lida da melhor maneira com alguns fracassos, confrontações e frustrações.
Vida pendular entre a ânsia e o tédio
Todos vivemos uma vida pendular, entre a ânsia e o tédio, mas, é preciso suportá-los de uma forma salutar, sem paralização da vida, sem destruição de si ou do outro, quando a agressividade faz caminho inverso.
Entre os espaços comunitários é necessário conversar francamente sobre saúde mental, sobre sofrimento, sobre a realidade da vida.
O acesso aos recursos de saúde mental públicos são as Unidades Básicas de Saúde que farão encaminhamento especializado, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e os Centros de Atenção Psicossocial Infantil (CAPSi).
Também as clínicas-escolas das faculdades e universidades, que oferecem atendimento psicológico gratuito por estudantes supervisionados por professores e o Centro de Valorização da Vida (CVV), discando 188 para emergências.
Esclarecer sobre a realidade da saúde no país
No cenário escolar, é importante esclarecer sobre a realidade da saúde no país, quais são os sintomas ligados ao adoecimento mental, quais meios e recursos podem se fazer uso e como a intervenção precoce e constante são importantes para descolar-se do lugar de sofrimento, quando esse for limitante.
Além disso, atentar e orientar sobre comportamentos de bullying nas escolas, abrir espaços de conversa entre professores e alunos são mobilizações que ajudam a suportar a angústia e os desafios no ambiente educacional.
Buscar apoio dos pais, de um irmão, de um primo, são igualmente importantes.
Falar sobre o sofrimento pode dissolvê-lo, por isso, o diálogo ou outro meio de elaboração psíquica, como a escrita ou a arte, expressões subjetivas, constroem outra ponte de existência, outra saída.
Intervenção profissional e multidisciplinar
Dentre as piores decisões está a evitação. Freud apontou que tendemos a cair na situação da qual fugimos, tendemos ainda a repeti-la.
Por isso, a intervenção profissional e multidisciplinar, quando viáveis, são importantes para se buscar outros caminhos de enfrentamento psíquico, na ausência de recurso próprio.
Ademais, a ansiedade, o medo, a melancolia e a angústia fazem parte daquilo que somos, não podemos fugir delas, a questão é como serão suportadas a partir do caminho que se escolhe ou de como a vida se apresenta.
Aprender a ganhar e a perder, aprender a viver. Não teremos tudo, mas teremos algo, não seremos tudo, mas saberemos viver, de janeiro a janeiro.