Na nova exposição da Galeria Homero Massena, “Trabalho do Chão”, a artista plástica mineira radicada em Vitória, Cláudia França recria um ambiente doméstico de forma simbólica para gerar reflexões sobre as noções de paisagem e arquitetura e as relações humanas. A abertura da exposição ocorre na próxima terça-feira (19), a partir das 20 horas.
A exposição é composta por móveis e utensílios domésticos da própria artista em um ambiente inusitado, com a perspectiva de visão em diagonal e verbos inseridos sobre o chão da galeria como se fosse um tapete de palavras.
A exposição faz parte programação integrada do mês de março em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, celebrado no dia 8.
Para o gerente de Articulação e Espaços Culturais da Secult, Vinicius Fábio, a programação, além de ser um meio de fortalecer o debate sobre as ações de empoderamento por meio da cultura, demonstra que o diálogo entre os espaços culturais é uma forma de potencializar suas atividades. “Compartilhamos experiências e soluções com o trabalho em rede. Essa proposta do diálogo não é buscar diretamente um tema em comum e trabalhar em cima disso, mas pensar troca, integração, fluxo entre pessoas e produtos”, enfatiza Fábio.
Trabalho de chão
Para o coordenador da galeria Homero Massena, Nicolas Soares, um dos motes da exposição é a discussão sobre a tensão do que é público e o que é privado, em contextos abrangentes. “A Galeria é um espaço que está sujeito a diversas proposições espaciais e discursivas. Cada vez que uma exposição é montada, o espaço arquitetônico se reconfigura e essa mudança acontece para além do retângulo, ou seja, para além no que está imposto na planta da Galeria. Quando a Cláudia propõe montar uma casa aqui dentro, o imperativo é a relação íntima ao mesmo tempo que está sendo visível, público. Os objetos possuem desconexões, as estantes estão em diagonais preenchendo o espaço numa perspectiva diferente e esses móveis trazem um outro olhar sobre o que pode ser uma paisagem”, destaca Soares.
De acordo com a artista, a reconstrução de uma casa dentro da Galeria é o ponto de partida para discutir a oscilação do que pode ser íntimo ou superficial. “A minha poética lida com a questão do que é uma casa. De que maneira eu, vivendo numa casa, organizo os objetos, lido com esse espaço físico e convivo com pessoas ou não. Essas variantes entre espaço físico, pessoas e objetos vão determinar graus de tensão na organização dessas relações. Fico observando, com as pessoas, como se relacionam no dia a dia e traduzo essa vivência no chão de mármore da galeria por meio de uma coleção de verbos. cada ação representa o repertório da domesticidade em que o sujeito opera no cotidiano”, destaca Cláudia.