Com a reexibição de Laços de Família na Rede Globo a partir desta segunda-feira, dia 7, a coluna de Patrícia Kogut aproveitou para conversar com Reynaldo Gianecchini, que relembrou como foi escolhido para o papel de Edu e como, a partir dessa experiência, sua vida mudou.
Na época dos testes de elenco, o ator estava casado com Marília Gabriela e havia começado a trabalhar em uma peça no Teatro Oficina, em São Paulo, quando foi abordado pelo produtor Luiz Antônio Rocha, que falou:
– Tenho um papel ótimo para você. A gente está querendo lançar uma pessoa.
Gianecchini, que não tinha qualquer habilidade com televisão, não se interessou pelo convite.
– Acabou que ele arrumou um teste no dia 24 de dezembro. No dia 25, eu já ia viajar. Fui para o Rio [de Janeiro], fiz um teste bem mais ou menos e pensei: Não deu certo isso, não. Depois fui para a Austrália com a Marília, contou.
Na volta da viagem, o galã recebeu a notícia:
– O Ricardo Waddington me liga e diz: O papel é seu. Eu respondi: Tem certeza? Não tenho experiência como ator nem com TV. E ele: Eu não tenho certeza de nada, mas o [autor] Manoel Carlos falou que quer você de qualquer jeito. Então, a gente vai ter que fazer isso funcionar.
O artista só foi entender o motivo da escolha um tempo depois:
– [Manoel] disse que pegou os testes de todos os atores e juntou a filha, a esposa e várias mulheres da família, além de amigas, para mostrar. Ele me falou que foi unânime, que a mulherada toda falou: É esse menino.
As gravações tiveram início três meses antes de a novela ir para o ar, e seu contato com o público mostra como ele era desconhecido até então:
– Quando estava passando nas ruas do Leblon [Zona Sul do Rio de Janeiro] com a Vera [Fischer], todo mundo ia em cima dela e passava quase por cima de mim. As pessoas achavam que eu era contrarregra. Ninguém olhava para mim.
Pouco tempo depois, o assédio foi intenso:
– É bem estranho para quem tem uma natureza reservada. Tive que ir aprendendo a lidar.
Entretanto, sua estreia não foi nada fácil:
– O ano de 2000 foi o mais intenso da minha vida. Cada dia que eu vivia parecia um ano. Claro que eu tinha muito medo. Fazer novela é difícil, as pessoas não têm noção. Eu sofria demais porque, além desse medo, havia o meu senso crítico. Eu achava que estava verde. Me criticava muito mesmo.