Gizelly Bicalho, que participou do BBB20, conversou com Marcia Goldschmidt por meio de uma live. Para a apresentadora, a advogada criminalista abriu o jogo sobre um relacionamento abusivo que viveu no passado. Ela começou dizendo o seguinte:
– As pessoas me perguntam: mas como você viu um relacionamento assim? Que ele fazia o que: primeiro tirava a autoestima. Porque tem vários tipos de violência, psicológica, financeira, vários. Não só na hora que chega a agressão. Muitas mulheres sofrem de algum tipo de violência dentro de casa que elas nem sabem que é. Quando ele começa a tirar a sua autoestima, vai te tirando do grupo de amigos. A violência psicológica, que é a primeira que ele faz, você está totalmente envolvida com aquela pessoa. E o homem perde perdão e você acaba perdoando. Por isso, gente, nunca falem: a mulher gosta de apanhar. Ninguém gosta de sofrer.
Em seguida deu os detalhes. Seu ex reclamava de seu decote, das roupas que usava, do grupo de amigos que tinha e isso durou por quatro anos:
– Quando eu vi o que estava acontecendo eu falei: onde que eu tô e o que eu estou fazendo com a minha vida? E foi um despertar que eu consegui sair correndo. Mas muita gente não consegue.
Uma vez por mês ela ia para a casa desse namorado que ficava a 300 quilômetros de distância de sua cidade. Ao chegar lá, ele não dava atenção para ela e dizia que ela tinha que se encaixar na rotina dele. E quando Gizelly chorava, ele dava risada:
– Foi o ápice. E eu comecei a me cortar com a unha, porque eu estava no fundo do poço. Eu comecei a gritar, a chorar e a rolar no chão e me cortar. Aí eu pensei: o que eu estou fazendo com a minha vida? Falei naquele dia que tinha acabado. Eu arranhava a minha barriga. No outro dia, eu olhava para aquilo, peguei carona pra casa e falei: eu não namoro mais você. Eu nunca mais voltei com ele. E eu ficava muito envergonhada de mim. Eu tive um surto. Só que eu consigo entender hoje que aquilo foi a minha válvula de escape, porque eu não aguentava mais. E toda vez que eu olhava para aquilo, pra mancha de unha que eu tinha na barriga, eu pensava: eu não posso voltar com essa pessoa. Olha o que eu fiz comigo. E me arrependi, tinha vergonha de ter feito aquilo.
Ela, que ficou por um ano com a marca do arranhão em sua barriga, disse que não sabia que estava em um relacionamento abusivo:
– Eu não sabia o que era relacionamento abusivo. Para mim é quando uma pessoa batia na outra.