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Gloria Maria relembra o tumor no cérebro e a morte de sua mãe: - Me senti atropelada por um caminhão

Gloria Maria marcou presença no Conversa com Bial da última segunda-feira, dia 18, e abriu o jogo sobre como foi passar por tantas coisas ruins ao mesmo tempo. Ela levou um susto no final de 2019 e teve que fazer uma cirurgia de retirada de um tumor no cérebro. Pouco tempo depois, a jornalista ainda perdeu a mãe, Edna Matta, que morreu em fevereiro.

Ao falar com Pedro Bial, ela começou dizendo o seguinte:

– Que ano, Pedro. Um ano impensável! [A pandemia] me pegou de jeito. Ela, na verdade, me pegou lá atrás, em novembro, quando eu fiz a minha cirurgia, quando eu descobri de repente, do nada, que eu tinha um tumor no cérebro. (…) Eu do nada caí em casa depois de um jantar – fui para o hospital costurar a cabeça e quando eu vou ver o exame me dão o resultado: você está com um tumor no cérebro. Como assim, eu?! Não, esse exame está trocado, não é meu, não pode ser. E a imagem que me veio na cabeça na hora – eu não chorei, não me desesperei, nada – foi uma entrevista que eu fiz com o Minotauro no Japão, a primeira vez que o Brasil descobriu que o Minotauro existia. E aí eu perguntei porque ele escolheu a luta e ele contou que quando ele era muito pequeno ele foi atropelado por um caminhão. E que ali ele foi quase destruído pelo caminhão. Ele passou meses no hospital e depois anos fazendo fisioterapia… então aquela imagem de uma criança ser atropelada por um caminhão nunca saiu da minha cabeça. E eu me senti assim: atropelada por um caminhão. E eu não sabia o que fazer, eu não tinha reação.

Gloria Maria ainda continua, dessa vez falando sobre sua mãe:

– Foi tudo de uma vez só, um caminhão passando por cima de mim. Quando eu saí do hospital com a infecção pulmonar eu voltei para casa e pensei que fosse ter um momento pra respirar. Quando eu imaginei que eu fosse voltar a respirar, do nada, a minha mãe, que não sabia o que eu estava passando, porque ela já estava frágil, no sábado, véspera de Carnaval, ela passou mal, também com uma insuficiência respiratória, que eu também não sei se já foi o coronavírus. Eu fui levar ela para o hospital e no meio do caminho ela morreu. E aí eu: meu Deus do céu, não pode ser. Alguma coisa está acontecendo na minha vida e é muito mais do que a pandemia. Tudo ao mesmo tempo agora. E aí eu falei: bom, eu tenho que segurar. É o tumor no cérebro, infecção pulmonar, a perda da minha mãe… se eu não for agora eu não vou nunca mais.

Ela ainda conclui:

– Ainda estou fazendo tratamento e tentando entender, além de essa ser uma parte só minha da minha vida, é única e intransferível, eu não sei se eu vou ter força pra mais alguma coisa, mas até agora eu tô legal, eu tô inteira, pronta para qualquer coisa. Eu não tive medo em nenhum momento, eu não derramei uma lágrima, eu não fiz uma única pergunta, tipo: por que comigo? Por que eu? Não. É a minha vida, vamos levar, viver. Eu achei que tudo isso na verdade foi um benção. Deus me concedeu a graça de ter mais um pedaço da vida para conhecer.