Apostando no legado e glórias de seus mestres, a Jucutuquara entrou na avenida do jeito que seu público gosta: com uma comissão de frente bem-vestida que desenvolveu uma trama alinhada ao tema desenvolvido, tudo sob o comando do coreógrafo Mauro Marques, e um bom conjunto de alegorias, grandes e bem idealizadas.
Disposta a reviver os tempos áureos de colecionadoras de títulos, a agremiação trouxe o enredo “Griot”, que aborda a arte, força e a história dos negros.
Muitos efeitos de luzes no primeiro carro, com colorido em tons quentes laranja. No entanto, a agremiação atravessou nessa hora por não ter um destaque na alegoria. E assim, deve perder pontos no quesito Enredo.
Difícil terem passado despercebidas as fantasias do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Vinicius Costa e Julia Mariano, pela sua grandiosidade, com detalhes riquíssimos contrastando brilho e acabamentos com referência à natureza, mais foscos.
Celso Júnior, novo intérprete oficial, deu show. Sua voz fez uma tabelinha pra lá de bem-sucedida com a bateria, que fez uma grande apresentação ao longo da avenida. Levantou os foliões. Outro ponto a ser celebrado pela supercampeã: os integrantes cantaram forte o samba.
Linda também a ala coreografada “Mercedes Baptista: O corpo Negro em Movimento”, conduzida por Giovana Gonzaga.
A escola desfilou grande também em número de integrantes, mas com alas compactas. A partir da metade do desfile, foi a hora de desacelerar.
O terceiro carro, “Favela”, teve ótima utilização de cores. Mostrou o chão da Jucutuquara. Novo voo da Coruja rumo à vitória?
Ao final, um carro desalinhado e apresentava problemas para evoluir exibiu dose extra de força dos carregadores. Nesta hora, o público, deu aquela força para que a alegoria enfim concluísse o desfile.
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Confira a ficha técnica:
Grêmio Recreativo Cultural Escola de Samba Unidos de Jucutuquara
Fundação: 29 de janeiro de 1972
Cores: Vermelho, verde e branco
Símbolo: Coruja
Títulos: 07 (1990, 2002, 2004, 2006, 2007, 2008 e 2009)
Presidente: Rogério Sarmento
Vice-presidente: Maurinho Carnaval
Mestre de Bateria: Júnior Caprichosos
Rainha de Bateria: Schyrley Moura
Rei da Nação: Leonardo Bremenkamp
Diretora de Harmonia: Marinilce Pereira
Diretores de Carnaval: Anderson Ferreira, Armando Chafik e Bernadete Ladislau
Enredo: “GRIOT”
Comissão de Frente: Mauro Marques
Carnavalesco: Jorge Mayko e Vanderson Cesar
Autor do Enredo: Anclébio Júnior, Jorge Mayko e Vanderson Cesar
Intérprete Oficial: Celso Júnior
1º Casal de Mestre-sala e Porta-bandeira: Vinicius Costa e Julia Mariano
Enredo: “Griot”
Compositores: Rafael Mikaiá, Fernando Brito, Rodrigo Pinho, Carlos Jarjura, Roberth Melodia, Vlad Aks e André Cavalcante.
Sou eu quem faço a história
A minha arte é de bamba
A velha guarda é quem mantém acesa a chama
Jucutuquara, eu me orgulho em dizer:
“O meu sorriso hoje e sempre é pra você”
Cai a noite é lua cheia
O silêncio pairou no ar
Pra escutar os contos de um ancião
Quem traz o dom, o poder de ensinar
À sombra de um Baobá
Um guardião dos segredos da vida
A sabedoria no bater de um tambor
Crenças, rituais e louvações
Cultivando milenares tradições
Nos quatro cantos o oculto desvendado
Conhecimento para os povos é levado
“Era uma vez” um baú de memórias
Preservando a essência em mais uma história
Ensinamentos, trajetória revelou
Griot guiou, guiou…
Oh! Mestre conduz o caminho
Retire os espinhos por onde eu passar
Desperte a cultura e o saber
O talento em cada ser há de revelar
Em versos, poemas, resiste a herança
No canto e na dança, negra vocação
A arte floresce na ponta dos pés
No toque das mãos, inspiração!
Vai ecoar do semba ao samba minha voz
O sonho vive em cada um de nós
Ser um eterno aprendiz…
Nas asas da coruja há esperança
Essa Nação merece um final feliz.