Ao ficar sabendo que pretendiam desmatar uma área de mata de Santa Teresa para instalar uma fábrica de palmito em lata, na década de 70, o pesquisador e ambientalista Augusto Ruschi (1915-1986) não teve dúvida: sacou sua espingarda, colocou-se em guarda na frente do espaço verde e disse que quem chegasse lá para desmatar seria recebido à bala.
Essa paixão apaixonada de Ruschi pela defesa extrema do meio ambiente é uma das facetas destacadas no livro “Ruschi: o Guardião da Floresta”. A obra, coordenada pelo jornalista e editor Antonio de Pádua Gurgel, será lançada nesta terça-feira (19), às 18h30, durante uma live no canal do YouTube da Secretaria de Estado da Cultura (Secult).
“Ruschi era um homem que não ficava apenas no campo das ideias para defender a natureza. Ia da palavra à ação”, relembra, com humor, Gurgel. E ele defende a atitude intempestiva do ambientalista. “Neste caso, ele não só impediu a construção da fábrica como também manteve a área que recebeu depois o Museu de Biologia Mello Leitão, símbolo da preservação ambiental capixaba”, destaca.
Gurgel detalha que a obra, numa edição caprichada, vai além de uma biografia de Ruschi. “Nossa preocupação foi enfatizar os trabalhos acadêmicos, as pesquisas dele pois ele foi um cientista prolífico em publicação de artigos. Na obra, catalogamos e citamos os mais de 300 que ele publicou”, informa.
Na publicação, o Ruschi pesquisador dos colibris e beija-flores está junto ao Ruschi que contribuiu para a agricultura ao propor soluções de combate à pragas do campo. “É uma faceta dele pouco conhecida. Ele pesquisava a fundo plantas e animais e utilizava seus estudos em resultados práticos. A produção agrícola deve muito ao que ele fez na sua pesquisa de campo”, explica.
Gurgel também lembra do eterno defensor do meio ambiente. “Foi um dos primeiros a denunciar o desmatamento da Amazônia ainda na década de 50. Na época, a floresta sofria com o corte indiscriminado de árvores feita pelas grandes madeireiras”, relembra.
O livro terá edição bilíngue em português e em inglês. A intenção é promover internacionalmente tanto o ambientalista quanto o Espírito Santo. “Nessa intenção, tivemos o cuidado de incluir a relação de todas as reservas ecológicas do Estado para que quem está fora do Brasil conheça mais esse aspecto de preservação do território capixaba, que era um grande sonho de Ruschi”, destaca.
Com prefácio do governador Renato Casagrande, o livro foi viabilizado por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura com o projeto editorial apoiado pelo Grupo Autoglass e pela Biancogres.
O jornalista Bartolomeu Boeno de Freitas escreveu o texto inicial do livro, que teve também a colaboração de Gabriel Ruschi, neto do biografado, e de Leonardo Merçon, do Instituto Últimos Refúgios.
Serviço:
Livro: “Ruschi: O Guardião da Floresta”, coordenado por Antonio Padua Gurgel.
Lançamento online: nesta terça (19), às 18h30, no canal da Secult-ES no YouTube.
Preço de capa: R$ 80.
O livro pode ser adquirido por meio do site www.paduagurgel.com.br ou diretamente na editora Pro Texto Comunicação e Cultura ([email protected], 3225-9400 ou 99866-4090).
