Thierry Fischer é o sexto maestro a ocupar o posto de regente titular da Osesp, em uma história que já se convencionou separar em dois momentos distintos. A orquestra foi criada em 1954, quando foi dirigida por Souza Lima e Bruno Roccella. No início dos anos 1970, começou a até hoje mais longa parceria artística do grupo com um maestro, Eleazar de Carvalho, que ficou no posto até sua morte, em 1996.
Foi então que a Osesp passou pelo processo de reestruturação. E, com John Neschling como diretor artístico, viu episódios como o nascimento da Sala São Paulo, em 1999, e a transformação da orquestra em uma fundação, o que aconteceu em 2005.
Neschling deixou o posto em 2009. Decidiu-se, então, fragmentar o poder artístico no grupo, com a nomeação de um diretor artístico (Arthur Nestrovski, que segue no cargo) e de um regente titular, Yan Pascal Tortelier, que trabalhou em 2010 e 2011.
Marin Alsop chegou em 2012 e esteve à frente da orquestra, primeiro como regente titular e em seguida como diretora musical, durante oito temporadas. Abrindo espaço, então, para Fischer, cujo contrato inicial é de quatro anos (como também havia sido o de Alsop).
Com exceção do vácuo artístico do período Tortelier, que nunca mais voltou a reger a orquestra, cada maestro do período pós-reestruturação ofereceu ao grupo um caminho.
John Neschling fez do repertório da passagem do século 19 para o século 20, em especial as sinfonias de Mahler e mais tarde peças de Strauss, o ponto de partida para a construção do que defendia como identidade sonora da Osesp.
Alsop, dentro da proposta artística mais ampla de Arthur Nestrovski, também fez sua integral de Mahler com a orquestra, mas suas escolhas mais pessoais recaíram sobre a música americana do século 20 e a música russa do mesmo período – com a integral das sinfonias de Prokofiev, por exemplo, gravadas para o selo Naxos.
O primeiro ano de Fischer já dá algumas pistas do que ele pretende trabalhar com a orquestra. Além das sinfonias de Beethoven, obrigatórias por conta dos 250 anos do compositor, ele vai reger Berg, Schoenberg e Webern, autores da chamada segunda escola de Viena, símbolos da vanguarda do começo do século 20.
De certa forma, é a sequência do repertório que marcou a identidade da orquestra nos anos Neschling. “Ouvindo você colocar esse percurso de repertório dos últimos 20 anos, acho que faz todo sentido”, ele diz. “Mas o critério não foi esse. A segunda escola de Viena exige algo que Beethoven também exige: a precisão é importante para dar sentido a essas obras, assim como a capacidade dos músicos de ouvir uns aos outros. Quando você trabalha isso, se dá uma reação em cadeia que vai perpassando todo o repertório.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.