O Conversa com Bial da última quarta-feira, dia 18, tratou de algo ainda muito polêmico no quesito romance: o dos relacionamentos abertos. Para falar do assunto, Pedro Bial convidou os atores Marcelo Serrado, que protagonizou um filme sobre essa temática, e Fernanda Nobre, que é casada com José Roberto Jardim e tem com ele uma relação não monogâmica.
Serrado é um dos protagonistas do longa Dois Mais Dois, que conta a história de Diogo e Emília; um casal que está junto há 16 anos, possui uma filha adolescente e vê a relação cair na monotonia. Diante disso, o par decide colocar em prática um casamento aberto com direito a troca de casais. Diferente de seu personagem Marcelo declara acreditar no relacionamento monogâmico, mas aponta que é preciso respeitar todas as opiniões:
– Meu pai tem 90 anos de idade. Minha mãe, 85. São casados até hoje e um segura a mão do outro, vendo televisão, no sofá. E são felizes dentro desse código de fidelidade que eles criaram. Não sei se é uma coisa de geração. Mas existe um amor que são mais de 60 anos de casados. Cada casal tem a sua dinâmica. A gente precisa respeitar a opinião dos outros.
O ator ainda comenta sobre o ciúme que pode surgir em relações poligâmicas, mas ressalta que não é uma questão de fidelidade, e sim de lealdade:
– Eu, Marcelo, trabalho dentro de mim para que isso [o ciúme] não seja corrosivo. Por que eu já tive relações doentias em que o ciúme era maior do que qualquer coisa, e isso faz muito mal.
Fernanda concorda com o ator e destaca que, no pacto de seu relacionamento aberto, a palavra traição não existe:
– Trair é uma palavra que não faz parte do meu vocabulário. Ninguém trai ninguém no meu pacto, a gente vivencia experiências e tem uma lealdade a nós dois. O ciúme nada mais é do que uma dominação do outro. Na verdade, é tudo em prol do diálogo, da liberdade entre duas pessoas que se gostam.
A artista, que foi casada com Gabriel Gracindo entre os anos de 2005 e 2012 e chegou a descrever o relacionamento como abusivo, ainda aponta que a monogamia foi algo construído pela sociedade. Ela também afirma que o conceito do amor romântico, geralmente associado à monogamia, por vezes é usado como uma idealização para manipular as mulheres:
– Mesmo com tudo que a gente conquistou, ainda vendem a ideia de amado que esperamos para salvar nossa vida. Isso vai na contramão desse caminho da contemporaneidade que defende a individualidade. A gente continua relacionando o sexo ao amor.