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'Me Chame pelo Seu Nome', ode à sensibilidade

Mais internacional dos produtores brasileiros, Rodrigo Teixeira tem tido o privilégio de trabalhar com grandes diretores, realizando grandes filmes no exterior. Entre os melhores estão Ad Astra, de James Gray, com o astro Brad Pitt, e outro filme que, infelizmente, não obteve muita repercussão, mas é belíssimo – Indignação, de James Schamus, baseado no livro de Philip Roth, com Logan Lerman. Indignação vale uns dez O Farol, mas essa é uma afirmação sujeita a controvérsia. O filme ‘estrangeiro’ de Teixeira que virou unanimidade passa neste sábado no Telecine Cult, às 22h. Será um bom programa assistir (de novo?) a Me Chame pelo Seu Nome.

Há três anos, pouca gente sabia quem era Timothée Chalamet e hoje ele é um dos melhores e mais conhecidos atores de sua geração. Está em cartaz nos cinemas com a adaptação de Little Women por Greta Gerwig – Adoráveis Mulheres. Chalamet faz Elio, o jovem protagonista de Me Chame pelo Seu Nome. O filme baseia-se no romance de André Aciman e quem assina o roteiro é o veterano James Ivory. Aos 89 anos – nasceu em 1928 -, Ivory tornou-se o mais velho ganhador do Oscar de roteiro adaptado e, só para lembrar, em 2017 ele venceu também o Bafta, o Critics’ Choice Award, o Writer Guild Award of America e o Gotham Independent, todos pelo belo (e sensível) roteiro de Me Chame pelo Seu Nome.

Elio pertence a uma família de intelectuais. Mora numa villa na Toscana, onde chega um amigo do pai, um estudioso. O garoto sente-se atraído pelo homem maduro – Oliver é interpretado por Armie Hammer. A relação é feita de olhares, silêncios, gestos furtivos. Chega aos finalmentes, mas é tudo tão delicado que a maioria da crítica e do público recusou rótulos. Não é um filme sobre homoafetividade. É sobre afeto, amor – ponto. O italiano Luca Guadagnino é o diretor. Cria cenas como a do resgate de uma imagem das águas. É um efebo, a escultura está coberta pelo limbo. Só o gesto dos dedos removendo o musgo provoca perturbação em Oliver e Elio – e ela não passa despercebida pelo pai do garoto.

No final, há uma espécie de discurso do pai, quando ele fala, sem preconceito, do amor que, como dizia Oscar Wilde, não ousa dizer seu nome. Guadagnino seguiu Me Chame pelo Seu Nome por outro filme completamente diverso. Suspiria não apenas é uma obra de gênero – terror -, como se trata do remake de um filme famoso do cultuado Dario Argento. No ano passado, André Aciman deu sequência à história de Elio. Em Find Me, o tempo passou, ele virou um renomado pianista, Oliver casou-se nos EUA, mas, como informa a frase na capa do livro – “True love never dies”. O verdadeiro amor nunca morre. Há, porém, dúvidas quanto a uma nova adaptação. Recentemente, Armie Hammer declarou: “O primeiro filme foi tão especial que sempre há o risco de uma decepção. Não creio que estejamos dispostos a isso”.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.