Ping: Tiago Rodrigues, diretor
O apreço pela memória aparece em muitos de seus trabalhos. É uma forma de lutar contra o tempo?
O ato de memorizar em By Heart é uma forma de resistência, contra qualquer força totalitária. Minha avó inspirou este trabalho e, quando ficou cega, buscou decorar trechos para manter o amor que tinha pela literatura.
Em Sopro, há certa semelhança. Além de ser uma homenagem ao teatro, certo?
Sim, nessa peça, a profissão de ponto ganha essa importância além do tempo. Em Portugal, há apenas dois profissionais. Na Europa, foram quase extintos. No Brasil, acredito que também não tenha nenhum.
Você deve estrear novo trabalho ainda este ano, certo? Qual o tema?
O espetáculo ainda não foi escrito, mas deve estrear em maio, em Viena. A peça vai contar a história de uma família que está a decidir tomar um caminho não democrático para defender a democracia. Um exemplo na História é a luta armada da Revolução Francesa, que usou da violência para transformar a realidade de seu país.
É um assunto debatido em todo o mundo. Há alguma inspiração?
É curioso saber que ainda nesta semana estarei no Brasil. Estamos estudando muitos discursos populistas de diversos países, ouvindo falas de presidentes que tomam decisões autocráticas para sabotar a democracia. É aqui em Portugal, no Brasil, nos EUA. Eles são muitos.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.