Com uma longa carreira jornalística, Glória Maria contou em entrevista para a Folha de São Paulo sobre suas experiências na profissão e histórias de sua vida. Atualmente a jornalista trabalha no Globo Repórter, onde ela tem a chance de mostrar ao público a cultura dos mais diversos países e vivenciar momentos únicos, como quando ela pulou do maior Bungee Jump do mundo, na China.
– Eu sempre penso no extremo. Tem duas opções: se eu não pular, não vou saber como é; se eu pular, o máximo que vai acontecer vai ser morrer. E, pelo menos, eu vou morrer em glória!
Ela contou que quando passou dois anos, entre 2008 e 2010, longe das câmeras, um amigo a convidou para fazer trabalho voluntário na Índia, e na hora ela aceitou.
– Fiquei lá dois meses, cuidando de monge, mendigo, servindo de joelhos, e depois de dez dias resolvi trabalhar com crianças também. Foi um sonho, foi maravilhoso.
Depois disso, ela passou um período na Nigéria para cuidar de crianças, mas por ser um local extremamente violento, Glória Maria contou que não aguentou ficar lá e acabou voltando ao Brasil antes do previsto e decidiu que precisava fazer algo no país. Ela então resolveu ir trabalhar em abrigos na Bahia, onde conheceu as meninas que, tempo depois, seriam suas filhas. Assim que as conheceu, Glória conta que foi amor à primeira vista. Ela passou um mês e meio trabalhando com todas as crianças do abrigo e depois disso quis saber mais sobre as meninas que havia conhecido logo que chegou.
– Eu pedi pra verem como elas foram parar lá. Quando estavam procurando as fichas, viram que essas duas eram irmãs de pai e mãe. E ninguém sabia no abrigo. Aí eu falei: Elas são minhas mesmo.
Depois de um ano lidando com questões judiciais, Glória conseguiu adotar as meninas.
A jornalista também falou sobre o preconceito vivido por ela na profissão. Ela conta que começou a trabalhar durante a Ditadura Militar, e foi a primeira negra a aparecer na televisão.
– Eu não tinha coragem, demorei muito porque tinha medo da reação das pessoas. Só tem branco na televisão, aí vai aparecer eu? Eu tive que fazer trabalho com psicólogo e de voz porque eu tinha medo da reação das pessoas.
Apesar disso, ela diz que busca não se privar daquilo que quer.
– Minha vó me ensinou uma coisa, a mais importante, desde pequenininha: Você tem que ser livre. Porque a nossa história é uma história de escravidão. A minha vida é ser livre. Não há nada, nem casamento, nem trabalho Só filho, talvez, agora, é que tira um pouco minha liberdade. Mas o resto, não.