Entretenimento e Cultura

Regional da Nair pede passagem neste domingo após dois anos sem desfilar

Maior bloco do Centro de Vitória comemora 15 anos e espera arrastar mais de 60 mil pessoas na Avenida Beira-Mar, no Centro de Vitória

Foto: Reprodução/Facebook

Regional da Nair completa 15 anos e sai neste domingo (18) com concentração às 8h, na avenida Beira-Mar, em Vitória

Após dois anos sem sair por causa das restrições sanitárias devido à pandemia de coronavírus, o Regional da Nair pede passagem e ocupa a avenida Beira-Mar, no Centro de Vitória, neste domingo (19), com concentração às 8h da matina. Considerado o bloco que praticamente revitalizou o carnaval de rua na cidade, o grupo completa 15 anos querendo ultrapassar a cota de 60 mil foliões que arrastou em 2020.

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“Estamos preparando uma grande surpresa para celebrar esse aniversário e também o nosso reencontro, ocupando a cidade porque a essência do Carnaval é isso: festa democrática, pra todo mundo, levando alegria, diversão para o espaço que é de todos que é a rua”, sintetiza um dos fundadores e diretor artístico do bloco, o cineasta Andre Félix, 41 anos. 

Foto: Reprodução/Facebook

Regional da Nair saiu da avenida Jerônimo Monteiro e passou a ocupar a Beira-Mar a partir de 2017

Ele preferiu manter o suspense sobre o que vai ser apresentado pelo bloco. “Só adianto que vamos entregar o melhor, nesse que é o Carnaval do retorno. Quem for vai viver esse momento”, acrescenta. 

Único remanescente do grupo fundador, Félix detalha que o Regional foi contribuindo para a mudança de mentalidade do capixaba em relação à folia de Momo na capital. Ele afirma que o grupo revolucionou e deu novos rumos para a festa em Vitória. 

“Antes havia aquele costume de celebrar o Carnaval uma semana antes da data oficial para, na data correta, sair de Vitória, viajar e ir curtir a festa em Conceição da Barra ou no Rio ou em Salvador. Resumindo: a cidade não era pensada como opção para passar o Carnaval. Fomos mudando aos poucos a partir das nossas saídas em 2011, quando o grupo de roda de samba, que já marcava ponto no Bar da Zilda (que sempre nos apoiou) saiu no Centro, em formação de bloco, pela primeira vez. Saímos de forma muito despretensiosa, empurrando uma bicicleta com uma caixinha de som, com o cavaquinho ligado nela. Daí, foi o boca-a-boca e quando vimos, cinco anos depois, eram mais de 10 mil pessoas conosco na avenida Jerônimo Monteiro”, relembra. 

Com o crescimento, a programação, que ocupava sempre a tarde do domingo de Carnaval, teve que mudar. O bloco foi para a avenida Beira-Mar e passou a sair de manhã, a partir de 2017. 

“Teve aquele estranhamento do horário no primeiro momento mas mais blocos de rua apareceram no Centro, incrementando e ampliando ainda mais a agenda da folia. Carnaval de rua passou a ser opção de manhã até à noite”, comenta.

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Para Félix, a filosofia do Regional é defender o Carnaval de rua na sua essência. “Ocupar a rua é um ato político. E através dessa ocupação sempre lidamos com aquela questão de qual é a cidade que eu quero viver, qual a cidade para deixar para os nosso filhos. A rua, nessa concepção não é lugar de mera passagem: é um lugar de convívio. No fundo, a questão do bloco de rua tem a ver com a identificação do lugar que você vive e um projeto do que você quer que a sua cidade seja. A forma de se estar na rua promovida pelo Regional é aquela em que todas as pessoas podem se beijar, se amar livremente, independente de cor, orientação sexual, tudo com respeito sempre. Essa união de levar a alegria para as pessoas. Reforçando que o Carnaval de rua é para todos. É um milagre do povo porque todo mundo se junta e faz acontecer”, resume. 

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Na sua análise, o Carnaval de Vitória já é, proporcionalmente, um dos maiores do Brasil. “Na última reunião entre todos os blocos e a prefeitura, ela estima que a festa vai contar com 80 mil pessoas por dia. A hotelaria na cidade já está com 90% de taxa de ocupação e, no Centro, não tem mais vagas, nem hospedagem por Airbnb. É o resultado de uma ocupação que começou com o Regional e foi ganhando corpo com a chegada e a participação dos outros blocos, que agora se reforçam, em associação”, diz, referindo-se à Liga dos Blocos do Centro de Vitória, que, atualmente, reúne 16 blocos que desfilam na região. 

De roda de amigos em apartamento a maior bloco de Vitória

O Regional da Nair começou de uma reunião descompromissada de 15 pessoas que envolvia uma roda de choro no apartamento de uma amiga no Parque Moscoso, no Centro de Vitória. “O apê era da Nair Rúbia, nossa colega do curso de Comunicação da Ufes. Daí o nome pegou”, relembra aquele 19 de janeiro de 2008. Atualmente, Nair mora em Curitiba (PR).

Foto: William Sossai/divulgação

Primeira reunião do Regional da Nair, em 19 de janeiro de 2008

Os músicos foram se apresentando fora do apartamento em agendas esporádicas. Em outubro de 2009, tocaram pela primeira vez na rua, em Jardim da Penha e depois em encontros na Ufes. 

“Éramos um grupo musical e viramos bloco no Carnaval de 2011. O cortejo saía do Bar da Zilda, no Centro, descia a rua Sete e ia até a Praça Costa Pereira e voltava para a Zilda. Para se ter uma ideia de como tudo tava ainda no começo, que o Centro não era ainda o point da boemia que depois se tornou, postamos um mapa no Facebook para indicar como chegar no bar”, recorda.

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Em 2013, o bloco passou a sair na data do carnaval oficial e, com o crescimento ao longo dos anos, as tardes carnavalescas de domingo passaram a ocupar a avenida Jerônimo Monteiro.

Foto: Reprodução/Facebook

A primeira vez que o Regional da Nair saiu como bloco em Vitória foi em fevereiro de 2011, no Centro de Vitória

A partir de 2017, o Regional passou a sair de manhã e na avenida Beira-Mar, com o cortejo entre as praças Pio XII e a Getúlio Vargas. A mudança foi necessária porque outros blocos surgiram, dando mais opções aos foliões ao aumentar a agenda do Centro. Só este ano, são 13 que saem às ruas deste sábado (18) até 26 de fevereiro.

“Em parte, eu acredito que, sim, os blocos que vieram depois são um pouquinho filhos do Regional. Eles acabam explorando uma possibilidade de Carnaval, unindo, por exemplo, pautas progressistas e lutas de direito com a diversão. É o caso do Puta Bloco e do Amigos da Onça, com a temática de diversidade sexual e direitos LGBTQIA+, as meninas do BatuQdellas com a temática feminina e o Afrokizomba com a luta por igualdade racial.  E outros vão surgindo. Isso é maravilho! Quanto mais grupos reunidos nessa festa, melhor”, comemora.

Serviço

Regional da Nair

Quando: domingo (19), com concentração às 8h, na avenida Beira-Mar, Centro, Vitória.

Trajeto: da Praça Pio XII até a praça Getúlio Vargas.