Entretenimento e Cultura

"Revolucionou o Rock": artistas do ES se emocionam após morte de Rita Lee

A roqueira icônica deixou o mundo na noite de segunda-feira (08), mas sempre será lembrada pela revolução no gênero musical

Foto: Reprodução/ Instagram/ Rita Lee

Artistas capixabas e produtores do ramo musical lamentaram a morte da cantora Rita Lee. A icônica “Rainha do Rock” deixou o mundo na noite de segunda-feira (08), mas sempre será lembrada pela revolução no gênero musical, personalidade forte, timbre marcante e talento inigualável.

No total, a artista possuía 17 álbuns gravados em estúdio, e carregava diversos prêmios. Entre eles, o Grammy Latino, que recebeu duas vezes — o mais recente no ano passado. Em 2022, ela foi homenageada com o Prêmio Excelência Musical da Academia Latina de Gravação.

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Rita Lee foi diagnosticada com câncer de pulmão em 2021 e vinha fazendo tratamentos contra a doença, mas acabou nos deixando na noite da última segunda (8). Com o fato, empresários musicais e artistas capixabas lamentaram a morte. 

Em entrevista ao Folha Vitória, o produtor musical e jornalista, Edu Henning, conversou sobre a perda de uma artista icônica. “A gente perde muito, não apenas uma pessoa icônica, mas uma artista completa, muito participativa, revolucionária, relevante e que mudou o rock brasileiro“, destaca.

O produtor destaca como a artista brasileira ajudou a incorporar no rock a explosão criativa do tropicalismo. Um movimento cultural brasileiro, concentrado entre os anos de 1968 e 1969, que marcou diversas formas de expressão artística. 

“Ela era uma artista que, nos bons tempos da banda Mutantes, colocou elementos brasileiros no mundo do rock. Mostrou que o rock poderia ter cores brasileiras, saindo do circuito apenas presente nos Estados Unidos e da Inglaterra como era na época”, narra o produtor. 

O empresário lembra com carinho do show da artista realizado no Ginásio Dom Bosco no começo dos anos 80. Além da apresentação icônica em conjunto com Gilberto Gil, no Maracanãzinho, no Rio de Janeiro, com o fato marcante quando o cenário caiu sobre os artistas. 

“Eu estava na parte da frente, chamada de ‘chiqueiro’ quando parte do cenário despencou. A sorte é que tinha os amplificadores e a cenografia parou antes que eles fossem atingidos”, relembra. 

“Não se prendia em uma caixa”, diz Amaro Lima 

Em entrevista ao programa Fala ES da TV Vitória/ Record TV, o músico, cantor, compositor e produtor capixaba Amaro Lima, destacou que a artista sempre tentava passar mensagens fortes em suas composições. 

De acordo com o compositor, como tantos artistas gigantes, ela não se prendia em uma “caixa” de ideias, apenas com quatro linhas, a descrevendo como um “camaleão de estilos”. 

“Desde os Mutantes, até a influência do álbum Tutti Frutti, a influencia do Roberto Carvalho. Cada um deles com a sua núncia, ela estava a frente do seu tempo, sempre pesquisando um pouco de tudo”, descreveu. 

Ele também ressalta como era realizada a comunicação da artista com os palcos e com o público, sempre voltada para o impacto que gostaria de causar. “A comunicação dela era sempre intensa no palco. Ela tentava ter uma comunicação direta com o público com intenção de fazer captar a música, ela é inesquecível”, finaliza.

“Ela representou a liberdade feminina”, diz Dona Fran

A cantora de Rock’n Roll Dona Fran, ressaltou como foi triste receber a notícia do falecimento de uma mulher forte, marcante e com um legado exemplar. “Mas, ao mesmo tempo, fico feliz pelo grande legado que ela deixou, muito frutífero e muito marcante”, explica a artista. 

Dona Fran também destaca a liberdade sexual e de pensamento que foram à frente do tempo da cantora, principalmente durante a década de 1960. “Ela veio com uma grande liberdade de pensamento, com conversas ácidas. Com liberdade sexual feminina, que não era explorada”, ressalta Dona Fran. 

“Ela me ensinou sobre a alma feminina”, acrescenta Serjão 

O produtor musical, radialista e coordenador da Jovem Pan Vitória, Serjão Nascimento, destacou que sempre escutou as músicas da artista cercado de grandes mulheres: mãe, irmãs e a esposa. “Ela me ensinou muito sobre a alma feminina. Percebemos na música vários trechos voltados para a luta das mulheres”.

Foto: Everton Nunes

Serjão não deixa de destacar o considerado “clichê”, mas, o quanto a artista estava à frente do seu tempo, quebrando tabus, e falando de temas que antes não eram revelados. 

“Além disso, ela foi uma das primeiras à fazer o que a palavra sororidade trás: o respeito pelas artistas femininas como Pitty, Zélia Ducan, sempre as ajudando. Ela foi uma rainha e ficará para sempre na eternidade”, finaliza. 

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Repórter do Folha Vitória, Maria Clara de Mello Leitão
Maria Clara Leitão Produtora Web
Produtora Web
Formada em jornalismo pelo Centro Universitário Faesa e, desde 2022, atua no jornal online Folha Vitória