Para quem não viu as obras da exposição “Di Cavalcanti: de Flores e Amores”, expostas no Estado, ainda dá tempo de apreciar o trabalho do grande artista carioca, que está em cartaz até o dia 20 de julho, no Salão Afonso Brás do Palácio Anchieta. Esta também é uma boa oportunidade para quem está visitando o Espírito Santo – em virtude da Copa do Mundo, por exemplo.
A mostra apresenta gratuitamente 20 pinturas a óleo e também vídeos, fotos e documentos que retratam a vida do pintor.
A exposição tem curadoria de Denise Mattar, consultoria da filha do artista, Elisabeth Di Cavalcanti, e apresenta obras que fazem parte do acervo de diversos colecionadores e museus, como Roberto Marinho, Sérgio Fadel e Museu de Arte Moderna de São Paulo. No Palácio estão expostas três das últimas obras do grande artista carioca, sendo duas do ano da morte dele, em 1974. São elas, Vaso de flores (1974), Mulher com flores (1974) e Leitura (1970).
Denise Mattar é uma das maiores especialistas do país na obra de Di Cavalcanti e foi responsável pelas exposições comemorativas do centenário de nascimento do artista em 1997 (CCBB-RJ, MAM-RJ, FAAP-SP). Em 2006 também realizou a mostra Di Cavalcanti – Um Perfeito Carioca (Caixa Cultural-RJ).
Além de contemplar as obras de Di Cavalcanti, quem visita a exposição tem se surpreendido com a descoberta do contexto histórico da época em que o grande artista produzia as suas obras. A Semana de 22, por exemplo, teve um gostinho de decepção para Di, idealizador do projeto de arte moderna.
“Ele imaginava que o evento iria render muitos frutos para todos os artistas que participaram, mas depois de toda aquela euforia, ele percebeu que aquilo não passou de uma festa burguesa”, contou a especialista e curadora da exposição “Di Cavalcanti – De Flores e Amores”, Denise Mattar.
Além da história do artista, também está sendo exibido na exposição um documentário com a obra “Samba”, considerada pelos especialistas a mais “poderosa” do modernismo. A tela, pintada em 1925 por Di Cavalcanti, foi destruída em 2012 em um incêndio que consumiu o apartamento do marchand Jean Boghici, no Rio de Janeiro. Dela só sobrou cerca de 30%, com os pés dos personagens.
Sobre o autor
Di Cavalcanti nasceu no dia 6 de setembro de 1897, no Rio de Janeiro. Era filho de Rosália e Frederico Augusto de Albuquerque Mello, ambos descendentes dos Cavalcanti do estado da Paraíba. Desde cedo adotou seu nome artístico, sonoro e eficiente, quase uma logomarca, originário do apelido Didi.
Também “adaptou” seu nome de família para o imponente Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Mello, que aparece registrado em quase todas as suas referências biográficas. Di Cavalcanti é um dos mais importantes e conhecidos artistas modernistas do Brasil.
Desenhista, caricaturista, jornalista, homem das letras e pintor, Di Cavalcanti dizia que pintava o que via, mas o que pintava era filtrado e reordenado por sua imaginação. Ele captava a essência das flores a sua personalidade, por meio de suas obras.
Aguçando todos os sentidos, o artista foi o mais próximo do povo e da realidade brasileira. Seus sambas, morros e favelas são verdadeiros e “reais”, tendo de fato o cheiro, a cor e o gosto do Brasil. Quando esteve no Estado para o lançamento da exposição, Elisabeth ressaltou a importância dos visitantes verem o seu pai como mais que um pintor de mulatas. “Ele é bem mais que isso. As suas obras tratam, na verdade, da formação da identidade cultural do Brasil. Acho limitado demais defini-lo como um pintor das mulatas”, opinou.
SERVIÇO
Exposição Di Cavalcanti De Flores e Amores
Período: até dia 20 de julho
Horário e dias de funcionamento: De terça a sexta-feira – das 09h às 17 horas; Sábado, Domingo e Feriados – das 09h às 16 horas. Nos dias de jogos do Brasil, até às 13h.
Local: Salão Afonso Brás, no Palácio Anchieta – Centro de Vitória – ES.
Entrada gratuita