Entretenimento e Cultura

Um Antonioni adaptado de romance de Pavese

Raras vezes em sua carreira Michelangelo Antonioni foi um adaptador. Trabalhou quase sempre com material original. Uma dessas exceções foi em 1955, quando se voltou para o escritor Cesare Pavese e fez As Amigas. O filme é a atração desta segunda, 15, no Cineclube do Arte 1, às 23 h.

É curioso que, nesta segunda, a série de westerns do Telecine Cult também apresente, às 23h50, o clássico Johnny Guitar, de Nicholas Ray. Nada a ver com Antonioni. Tudo a ver? Ray radicaliza as disputas entre mulheres por meio do duelo de Joan Crawford e Mercedes McCambridge, e de quebra investe contra a maioria silenciosa do macarthismo. O ano era 1954.

No ano seguinte, na Itália, Antonioni, que já vinha investigando o universo feminino, valeu-se de Pavese, Tra Donne Sole, para voltar ao tema. Mulheres entre elas. Uma loja de modas em Turim – a cidade onde o escritor morreu, em 1950 -, um suicídio por amor e as mulheres contemplam o vazio e a superficialidade de suas vidas. Eleonora Rossi Drago, Valentina Cortese, Madeleine Fischer e Gabriele Ferzetti, com quem Antonioni faria A Aventura, em 1959. Muito interessante a forma como ele ‘esvazia’ dois atores de Federico Fellini, Franco Fabrizi e Yvonne Furneaux, que também estão no elenco.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.