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Wagner Moura fala sobre a série 'Narcos' e defende legalização das drogas

Em entrevista ao R7, o ator contou que passou por uma preparação intensa e que o primeiro passo foi se matricular em uma universidade colombiana para aprender espanhol

Wagner Moura caracterizado como o chefe do tráfico Pablo Escobar Foto: Divulgação

Wagner Moura encara mais um desafio na carreira. O ator está prestes a estrear como Pablo Escobar, conhecido como senhor do tráfico na Colômbia, em ‘Narcos’, nova série original da Netflix.

Em entrevista ao R7, o ator contou que passou por uma preparação intensa e que o primeiro passo foi se matricular em uma universidade colombiana para aprender espanhol.

A Colômbia é um País no qual eu sempre me senti muito acolhido e muito em casa. Eles são muito parecidos com a gente. São pessoas que gostam de falar, abraçar, são muito táteis. E eu fui super-receoso, porque imagina você fazer uma série sobre Pablo Escobar sendo brasileiro, e eu não falava espanhol, mas me receberam muito bem, inclusive os atores colombianos, que viram que eu estava fazendo um grande esforço. O mais legal foi o fato de estar trabalhando com mexicanos, argentinos, colombianos, chilenos, essa sensação de ser latino americano, de pertencer a uma cultura maior”.

A nova série vai contar a história de Escobar, um criminoso comum que se torna um dos homens mais procurados e ricos do mundo. Ao R7, Wagner é enfático ao falar sobre o tráfico de drogas.  

“A minha opinião pessoal é de que as drogas deveriam ser legalizadas. Toda política de combate às drogas na América Latina segue um pouco as diretrizes dos EUA, que é uma política de enfrentamento e de repressão. A gente nota que, com o tempo, as coisas vão mudando. Hoje em dia o consumidor não é tão criminalizado na maioria dos países. Eu acho que é um processo sem volta no sentido da legalização das drogas. Nenhuma análise, e eu não sou nenhum especialista em drogas, resiste ao fato de que os óbitos com relação ao abuso de drogas são em número muito menor que os da guerra contra o tráfico e a quantidade de dinheiro gasta com a segurança é muito maior do que o que se gastaria com saúde pública e pra mim as drogas são problema de saúde mesmo”.

De acordo com o ator, existem muitos empecilhos para um diálogo mais franco e aberto sobre a legalização.

“Existem muitos interesses, porque numa guerra contra o tráfico se gasta muito dinheiro com armas e outras coisas. Tem uma entrevista de Pablo Escobar para uma radio em que ele fala que a tendência é que as drogas se tornem um comércio controlado pelo estado”.

Wagner também aproveitou para elogiar o progresso da Colômbia.

“Bogotá era a cidade mais perigosa do mundo nos anos 80. O cartel de Medellín e Pablo Escobar fizeram o país inteiro se ajoelhar. Eles mudaram a constituição, criaram o narcoterrorismo, chantagearam o Estado, então o país inteiro estava destruído. É muito impressionante que hoje, mesmo com essas questões ainda existindo, o país tenha se reconstruído tão rapidamente e a Colômbia seja hoje uma das economias mais vibrantes da América latina. O que está à vista é um investimento em cidadania. O que mais impressiona em Medellín é o sistema de transporte. O cara que sai lá de cima da favela pega o metrô cable, aquele bondinho, desce e cai dentro da estação de metrô, então isso em termo de produtividade pro trabalhador dá uma diferença enorme porque o cara demora 20, 30 minutos, enquanto um cara no Rio de Janeiro que mora na baixada fluminense pra chegar no centro, ele pega dois ônibus, um p*** trânsito… É um país de terceiro mundo, com problemas de terceiro mundo, mas que a maneira com que foi se reerguendo é impressionante. Falando de novo do sistema de transporte, as pessoas cuidam daquele negócio porque o cara fala “essa parada tá adiantando minha vida”, então eles cuidam e se orgulham daquilo”.

Com uma carreira sólida, o ator vai se aventurar pela primeira vez em um seriado.

“É um negócio que eu nunca fiz. Eu achava muito legal a ideia de trabalhar pra Netflix, porque é um negócio que mudou um pouco a regra do jogo, do audiovisual, do streaming e de você disponibilizar o material de uma vez só, mas de cara o que me fez aceitar foi o convite ter partido do Zé Padilha [diretor de Tropa de Elite], que é um parceirão, diretor com quem eu mais trabalhei. E o Zé é muito louco, me chamar para fazer Pablo Escobar? É tipo “vamos chamar um colombiano pra fazer o Pelé” [risos]. O que eu quis fazer o tempo todo foi não decepcionar o Zé. Se ele acha que eu vou fazer, então eu vou fazer. O formato é instigante também, mas o que vale é um bom personagem, com um diretor bom, aí eu vou indo”.

Wagner Moura precisou engordar cerca de 20 kg e não precisou de muito esforço para isso.

“Foi só comer coisas deliciosas [risos]”, brinca o ator.

Após aceitar o convite para a série, o ator teve que recusar o convite para o remake ‘Sete Homens e um Destino’.

“Eu super queria fazer, mas teve um choque com a divulgação e o lançamento da série. Além disso, no ano que vem eu vou dirigir o meu sobre Carlos Marighella”.

Narcos chega ao Netflix em 28 de agosto com sua primeira temporada, de 10 episódios, já completa.

Com informações do R7.