Por Luan Sperandio
O investimento em infraestrutura soma apenas 1,8% do PIB brasileiro, sendo a maior parcela sendo protagonizada pela iniciativa privada. Em comparação, outros países semelhantes investem entre o dobro e o triplo disso. O resultado é um cenário de baixa produtividade, encarecimento dos produtos e perda de competitividade. No pilar de infraestrutura do Ranking de Competitividade de 2019 do Fórum Econômico Mundial, o Brasil ficou apenas na 78º posição.
Apesar dos problemas, há grande demanda para investimentos no setor, que em um cenário de juros baixos e reformas regulatórias se refletem em oportunidades para o mercado de capitais impulsionar o setor. Essas são algumas das conclusões do painel de infraestrutura do Segundo Encontro Folha Business, que contou com a participação do Head da Equipe de Infraestrutura do BTG Pactual, Renato Mazzola.
Ele definiu as perspectivas do momento para investimentos em projetos de infraestrutura no país como ‘’fantástico”. Conforme Mazzola apontou no painel, trata-se de um panorama muito diverso do que o Brasil apresentou há alguns anos, em que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) se apresentava praticamente como a única fonte de financiamento para projetos de infraestrutura.
Se a queda na taxa de juros tornou projetos mais atrativos financeiramente em comparação a outros investimentos, em especial de renda fixa, por outro está havendo esforços de melhorias regulatórias. Entre os principais exemplos estão o setor de óleo e gás e o de saneamento básico.
Apenas a modernização do setor de óleo e gás, a partir da PL do Gás que tramita no Congresso, deve permitir investimentos anuais de até R$ 80 bilhões na cadeia de fornecimento de gás, de acordo com a agência de classificação de risco Moody’s. Já o novo marco do saneamento deve atrair entre R$ 500 bilhões e R$ 700 bilhões para os próximos anos.
A modernização da legislação acerca de ferrovias e da cabotagem, ambas em discussão no Congresso devem seguir o mesmo caminho.
Possibilidade de capitalizar projetos a custos menores
Já o Head de Finanças Corporativas da Apex Partners, Alexandre Borborema, explicou que o cenário histórico de juros baixos e o ingresso no mercado de milhões de novos investidores pessoa física aumentam a disponibilidade de capital para o financiamento do setor de infraestrutura: “Em busca de rentabilidade e diversificação, muitos investidores passaram a incluir títulos privados em suas carteiras, alguns relacionados à infraestrutura, como as debêntures incentivadas e os FIPs (Fundos de Investimento em Participações) de Infraestrutura.”
Por outro lado, Borborema aponta que muitas empresas do middle market brasileiro (isto é, de médio porte) possuem pouca ou nenhuma experiência de captação no mercado de capitais.
“Levantar recursos para projetos via mercado de capitais pode ser bastante vantajoso em relação às linhas tradicionais de financiamento, mas junto com essa escolha, vem um grande dever de casa. Além de ter um projeto atrativo e estruturado, para que a emissão seja viável, a empresa precisará também aumentar o grau de sua governança e ficar atenta ao cumprimento de alguns requisitos legais da emissão”, finaliza.