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Segundo estimativas próprias do corpo técnico do Centro do Comércio de Café de Vitória (CCCV), nos últimos 18 anos, o Espírito Santo deixou de exportar pelos portos capixabas o equivalente a uma safra de Brasil, ou seja, mais de 60 milhões de sacas. Isso porque há a necessidade de um porto de maior calado, para atracação dos navios de grande porte. Esse fenômeno afeta não apenas os exportadores, mas a economia capixaba como um todo.
Em 2002, o estado exportou aproximadamente 4,3 milhões de sacas de arábica, enquanto em 2020 esse número chegou a apenas 1,2 milhões. Nas últimas duas décadas, a produção desse tipo de grão cresceu no ES e na Zona da Mata. Mesmo assim, as exportações dessa variedade pelos portos capixabas diminuíram vertiginosamente no mesmo período.
Por outro lado, todo o conilon exportado pelo estado sai em forma de cabotagem, com toda a carga sendo transbordada em outros portos. Nesse sentido, são tomados altos custos, aumentando o transit time até a chegada da carga no porto de destino, na casa do importador.
Nos últimos meses, para os exportadores de café, a situação do Porto de Vitória está sobrecarregada sob o único terminal de contêineres do ES, o TVV – Terminal de Vila Velha S.A. Por isso, há muitos anos, os segmentos econômicos capixabas voltados para o comércio exterior se queixam da estrutura portuária deficitária voltada para carga geral.
O TVV, que em condições normais de operação já era considerado um terminal com pouca área para movimentação terrestre de carga, atualmente está sobrecarregado. Assim, os navios são obrigados a partir sem o carregamento e os custos recaem sobre o exportador.
Márcio Cândido Ferreira, presidente do CCCV, acrescenta que a situação regulatória do transporte aquaviário é lenta e não inibe os abusos e imposições de inúmeras taxas sobre os donos da carga, tanto pelos armadores quanto pelos terminais de contêineres. A consequência é o aumento do Custo Brasil e o encarecimento do produto no exterior, o que diminui as margens e afeta diretamente o preço para o produtor.
“Boa parte do arábica produzido no Espírito Santo, assim como o volume da ordem de 4-5 milhões de sacas por ano da Zona da Mata Mineira, deixaram de escoar pelo portos capixabas e hoje são exportados pelo porto do Rio de Janeiro e também pelo porto de Santos, apesar da proximidade do ES à esta importante região limítrofe com nosso estado.” conclui Márcio.
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